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"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra os maiores de 15 anos"

Um antigo mercenário do Grupo Wagner recrutado numa prisão russa disse hoje que recebeu ordens para matar civis ucranianos com mais de 15 anos, segundo a organização Gulagu.net, que denuncia abusos em prisões russas.

"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra os maiores de 15 anos"
Notícias ao Minuto

17:51 - 17/04/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra todos os maiores de 15 anos. Entre 20 e 24 pessoas foram baleadas, incluindo dez adolescentes entre os 15 e os 17 anos", disse Azamat Uldarov, recrutado pelo Grupo Wagner numa das campanhas de recrutamento nas prisões russas.

Uldarov, que teve a sua pena perdoada por decreto presidencial em setembro de 2022, confirmou que cumpriu este tipo de ordens e que "matou crianças" durante a campanha militar russa na qual participou.

"O que fizemos quando entramos em Bakhmut foi terrível. Eles deram-nos ordem para aniquilar todos", disse Uldarov.

Yevgueni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, deu ordens para "não deixar sair ninguém", adiantou.

"Chegamos, eramos 150, e deram ordem para limpar a área com todos os meios e organizar a defesa. Nós matamos toda a gente. Mulheres, homens, idoso, crianças", descreveu o entrevistado.

No seu canal na rede social Telegram, Prigojin rejeitou as afirmações de Uldarov.

"Ninguém dispara contra civis ou crianças. Ninguém precisa disso. Nós fomos lá para salvá-los do regime que os subjugava", retorquiu o chefe do grupo Wagner, referindo-se ao governo ucraniano.

"Infelizmente agora não tenho a possibilidade de ver o vídeo [de Uldarov] completo. Assim que tiver, sem dúvida, vamos estudá-lo detalhadamente e fazer uma avaliação final", adiantou.

O vídeo da conversa entre Uldarov e o fundador da organização Gulagu.net, Vladimir Osechkin, foi publicado no canal da organização na rede social Youtube.

Osechkin, que já partilhou entrevistas com outros ex-mercenários recrutados pelo Grupo, defendeu que os testemunhos recolhidos devem contribuir para a abertura de processos criminais contra Prigojin e outros altos membros do Grupo Wagner por "dezenas de assassinatos cruéis, uma série de crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Ucrânia. MNE ucraniano cético quanto a êxito de esforços de paz

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