ONU aponta oportunidade para acabar com a guerra no Iémen
O enviado especial da ONU para o Iémen considerou hoje que o país nunca teve uma "oportunidade tão séria de avançar para o fim do conflito em oito anos", mas alertou que a "maré ainda pode mudar".
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Mundo Iémen
No seu 'briefing' mensal sobre a situação do Iémen, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ouviu hoje o enviado Hans Grundberg, que destacou os desenvolvimentos permitidos pelas tréguas e alguns sinais promissores para resolver a guerra que decorre há mais de oito anos no país.
"Um sinal encorajador é que muitos aspetos da trégua continuam a ser implementados além da sua duração. O Iémen está a experienciar o mais longo período de relativa calma nesta guerra ruinosa. Combustível e outros bens comerciais continuam a fluir para Hudaydah. E os voos comerciais continuam entre o Aeroporto Internacional de Sanaa e Amã", indicou Grundberg.
No entanto, "isso não é suficiente", assinalou o enviado especial da ONU, que frisou que os iemenitas ainda vivem "dificuldades inimagináveis" todos os dias.
"Os desenvolvimentos recentes são um lembrete de que a escalada pode reverter rapidamente os ganhos duramente conquistados. Estou preocupado com a atividade militar recente em Marib, Shabwa, Taiz e outras províncias. (...) Apelo às partes para exercerem o máximo de contenção, absterem-se de ações provocativas e continuarem a envolver-se com o meu gabinete para garantir a manutenção da desescalada", pediu.
Hans Grundberg observou ainda que embora seja uma conquista importante, a trégua foi concebida como uma medida temporária para abrir espaço para negociações políticas que levem ao fim da guerra, pelo que "jamais poderia confiar nela para proporcionar um futuro pacífico ao Iémen".
Entre 09 e 13 de abril, uma delegação da Arábia Saudita e mediadores de Omã conversaram em Sanaa com líderes do grupo rebelde huthis.
A rara visita de autoridades sauditas à capital do Iémen - controlada pelos huthis - aumentou as expectativas de que o grupo rebelde e a Arábia Saudita, que lidera uma coligação militar em apoio ao Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, possam estar a aproximar-se de um acordo nas negociações que Omã facilita desde outubro de 2022, quando o acordo de trégua expirou.
"Um ambiente regional favorável reforçará os esforços de paz no Iémen. Qualquer novo acordo deve ser em direção a um processo político liderado pelo Iémen. (...) O processo político precisa de ser orientado para o futuro que tantos iemenitas nos disseram que desejam: uma governança responsável, cidadania igualitária e justiça social e económica", disse.
"Precisamos que as partes se abstenham de usar medidas económicas como ferramentas de hostilidade. Precisamos de ver a abertura total do aeroporto de Sanaa (...) e precisamos dos salários do setor público pagos em todo o país", apelou Grundberg.
O enviado da ONU concluiu o seu briefing com uma apelo à comunidade internacional, para que reforce o seu apoio ao país, de forma a garantir que esta "rara oportunidade não seja perdida".
Também a vice-diretora de operações e defesa do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário, Ghada Mudawi, apresentou dados sobre a situação no Iémen, onde mais de 21 milhões de pessoas precisam de assistência de emergência.
Mudawi indicou que embora não tenha havido um grande ressurgimento dos combates, os confrontos crescentes em Marib e Shabwah desalojaram quase 10.000 pessoas desde o início de março.
Além disso, doenças evitáveis, como sarampo e poliomielite, estão a espalhar-se "num ritmo perigoso".
"Tememos que esses surtos possam deteriorar-se rapidamente, especialmente em áreas controladas pelos huthis, onde vemos crescentes impedimentos à imunização, bem como desinformação que alimenta o ceticismo em relação às vacinas", disse.
Mudawi forneceu também uma atualização sobre os desafios enfrentados pelos esforços de socorro, incluindo interferências na entrega de ajuda, restrições de acesso e a degradação do ambiente de segurança.
Isso inclui a exigência por parte dos huthis de que as mulheres sejam acompanhadas por guardiões do sexo masculino, o que afeta negativamente as operações de ajuda.
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