O porta-voz do regime militar de Myanmar (ex-Birmânia), Zaw Min Tun, disse hoje ao canal de televisão Myawaddy, ligado ao Governo, que os militares lideraram o ataque às Forças de Defesa do Povo (FDP), um movimento de oposição formado principalmente por jovens e constituído após o golpe militar realizado em 01 fevereiro de 2021.
"Provavelmente, também morreram civis forçados a apoiá-los", declarou o general, que, em linha com a retórica militar, qualificou as FDP de "terroristas".
A Força Aérea birmanesa bombardeou na terça-feira uma cerimónia de inauguração de um escritório administrativo ligado ao Governo de Unidade Nacional (GUN) - braço político do FDP e que se declara autoridade legítima do país após o golpe militar - na cidade de Pazigyi, na região noroeste de Sagaing, um dos principais redutos rebeldes.
Um porta-voz do GUN confirmou à EFE na terça-feira a morte de pelo menos 50 pessoas, enquanto diferentes meios de comunicação locais noticiaram que mais de uma centena de pessoas poderá ter morrido no bombardeamento.
Segundo a agência de notícias EFE, estima-se que cerca de 150 pessoas estavam no evento, incluindo dezenas de mulheres e crianças e no qual foram servidas refeições aos moradores da cidade.
"Realizámos o ataque durante a cerimónia de inauguração. Os membros das FDP foram mortos. São estes que se opõem ao Governo deste país", declarou Zaw Min Tun.
O porta-voz do GUN afirmou que a localidade foi novamente bombardeada quando voluntários procuravam sobreviventes entre os escombros e retiravam os corpos sem vida, muitos deles mutilados.
A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e a ONU, condenou o ataque a Sagaing, um dos piores massacres desde o golpe militar, que encerrou uma década de transição democrática e mergulhou o país numa espiral de violência.
O relator das Nações Unidas para Myanmar, Thomas Andrews, denunciou em março que mais de 3.000 civis foram mortos, 1,3 milhão de pessoas tiveram de fugir das suas casas e 16.000 tornaram-se prisioneiros políticos desde o golpe militar, incluindo a líder deposta em fevereiro de 2021, a Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
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