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Irlanda do Norte. Aniversário do acordo de paz sem fanfarra e sob tensão 

A Irlanda do Norte comemora na segunda-feira sem fanfarra e num contexto de tensão o 25.º aniversário  do acordo de paz que pôs fim a três décadas de um conflito sectário cujas sequelas ainda são visíveis e sentidas.   

Irlanda do Norte. Aniversário do acordo de paz sem fanfarra e sob tensão 
Notícias ao Minuto

08:59 - 09/04/23 por Lusa

Mundo Irlanda do Norte

Foi a 10 de abril de 1998, na Sexta-feira Santa antes da Páscoa, que republicanos nacionalistas a favor da reunificação com a Irlanda e unionistas determinados em permanecer no Reino Unido chegaram em Belfast a um acordo de paz, após intensas negociações entre Londres, Dublin e Washington.

O acordo pôs fim a três décadas de violência entre unionistas maioritariamente protestantes, republicanos católicos e o exército britânico, mobilizado para vigiar as ruas da província britânica. 

O conflito causou cerca de 3.500 mortos e 40.000 feridos.

Todavia, 25 anos depois, as comemorações são ensombradas pelo impasse político e a ameaça de terrorismo. 

As instituições locais, criadas na sequência do acordo de paz, incluindo um governo regional partilhado entre os dois campos políticos, estão paralisadas há mais de um ano devido a divergências decorrentes do Brexit.

E após a tentativa de homicídio de um polícia em fevereiro, reivindicada por membros de um grupo republicano dissidente, o nível de ameaça terrorista na Irlanda do Norte foi elevado para "grave", indicando a maior probabilidade de novo atentado.

Condenado em uníssono pelos líderes políticos da Irlanda do Norte, o ataque trouxe à superfície memórias da violência que era comum na região e receios de um reacender das rivalidades.

Nas próximas semanas, Belfast vai acolher uma série de eventos com atuais e antigos dirigentes internacionais para assinalar o aniversário do fim do conflito, mas sem as celebrações formais que os políticos desejavam.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que tem antecedentes irlandeses, vai visitar brevemente a Irlanda do Norte, entre terça e quarta-feira, seguindo para Dublin, onde ficará até sábado.

A partir de 17 de abril, a universidade Queen's University Belfast vai organizar uma conferência de três dias com a antiga Secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton e o marido Bill Clinton. 

O antigo presidente desempenhou um papel fundamental na consecução do acordo de paz, o qual assumiu como uma prioridade de política externa.

O evento vai centrar-se na transformação da província britânica ao longo dos últimos 25 anos, que assistiu ao desarmamento dos grupos paramilitares, desmantelamento da fronteira militar e retirada das tropas britânicas.

Mas muitos dos muros levantados entre os anos 1969 a 1971 para limitar confrontos continuam a separar comunidades, refletindo a fragilidade e imperfeição do processo de paz. 

O Partido Democrata Unionista (DUP), o principal partido defensor da permanência sob a coroa britânica, iniciou em 2022 um boicote ao governo e assembleia regionais, recusando-se a participar até que sejam abandonadas as disposições pós-Brexit destinadas a evitar o regresso de uma fronteira física com a Irlanda.

Desde a saída do Reino Unido da União Europeia que o "Protocolo da Irlanda do Norte" é motivo de controvérsia, com os críticos a temerem que o compromisso afaste ainda mais a província do Reino Unido e torne mais provável uma Irlanda unida.

Bruxelas e Londres renegociaram o texto com vista a responder às preocupações dos unionistas, mas o acordo-quadro de Windsor foi rejeitado pelo DUP.

O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, que esteve envolvido na garantia do acordo de paz, admitiu recentemente que o Brexit é "uma equação difícil de resolver" em relação à Irlanda do Norte.

O homólogo irlandês da altura Bertie Ahern comparou os últimos anos a andar numa montanha russa, mas lembrou que o acordo de paz "foi sempre um processo, e os últimos 25 anos foram muito mais agradáveis e encorajadores do que os 25 anteriores".

"Nos últimos 25 anos, felizmente, tivemos problemas, mas pequenos problemas", disse à agência AFP, vincando que foram salvas as vidas de muitas pessoas. 

Leia Também: Recorde a cronologia. A paz na Irlanda do Norte desde o Acordo de 1998

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