Bilionário confessa homicídio a jornalista da BBC: "Acidente sexual"
Martine Vik Magnussen, jornalista da BBC, trabalhou para conquistar a confiança do suspeito ao longo de vários meses e acabou por conseguir que o suspeito confessasse o seu envolvimento na morte de uma estudante norueguesa, em 2008.

© Foto Facebook/justice For Martine Vik Magnussen

Mundo Reino Unido
Farouk Abdulhak, filho do falecido bilionário Shaher Abdulhak, do Iémen, admitiu, durante uma troca de mensagens com a jornalista Nawal Al-Maghafi, da BBC, o seu envolvimento no homicídio de Martine Vik Magnussen, estudante norueguesa, de 23 anos, em Londres, Inglaterra, em 2008, descrevendo-o como "um acidente sexual que correu mal".
O homem, que está entre os mais procurados pela Polícia Metropolitana de Londres, fugiu de Inglaterra horas depois do crime e refugiou-se no Iémen, não tendo feito qualquer declaração sobre o crime desde então. Agora, a BBC revelou no documentário 'Assassinato em Mayfair' aquelas que foram as palavras do suspeito, conseguidas pela jornalista Martine Vik Magnussen, que trabalhou para conquistar a confiança do suspeito ao longo de vários meses.
"Eu fiz algo quando era mais jovem, foi um erro...", escreveu numa das mensagens. "Eu disse-te o meu nome verdadeiro, não posso ir especificamente para o Reino Unido por causa de algo que aconteceu lá", acrescentou. "A única razão pela qual estou com medo é por me teres dito que és escritora e jornalista. És a última pessoa com quem eu deveria falar", dizia outra mensagem.
Farouk Abdulhak acaba por dizer que não se lembra de muitos detalhes, uma vez que estava sob o efeito de cocaína. "Não sei o que aconteceu, é tudo um borrão. Eu tenho flashbacks de vez em quando. Se cheiro um certo perfume feminino, sinto-me desconfortável", relatou.
"Foi apenas um acidente. Nada nefasto. Só um acidente sexual que deu errado", disse, sem nunca se referir aos crimes como homicídio ou violação.
Interrogado sobre se voltaria para o Reino Unido para se entregar às autoridades, o suspeito pareceu recusar. "Eu não acho que a justiça será feita", disse "Acho que o sistema de justiça criminal lá [no Reino Unido] é fortemente tendencioso. Acho que eles vão querer fazer de mim um exemplo de filho de um árabe, sendo... filho de alguém rico... é tarde demais," acrescentou.
"Algumas coisas é melhor que não sejam ditas. A verdade é que eu não me lembro o que aconteceu, não há nada a dizer", disse ainda à jornalista.
É de realçar que Farouk Abdulhak e Martine Vik Magnussen se conheceram na Regent's Business School, onde ambos estudavam. No dia 14 de março de 2008, foram para a discoteca Maddox, em Mayfair, no centro da cidade, para celebrar o fim do exames. Às autoridades, amigas da vítima contaram que viram os dois na festa e que Farouk chegou a convidá-las para irem ao seu apartamento, mas recusaram por estar cansadas. Contudo, incentivaram Martine a ir.
Imagens captadas por câmaras de videovigilância registaram o momento em que Farouk e Martine deixaram a discoteca juntos e, depois disso, não há qualquer registo da jovem. Na manhã seguinte, a jovem já estava morta, mas o corpo só foi descoberto após 48 horas, altura em que Farouk já tinha deixado o Reino Unido em direção ao Egito, onde terá apanhado um avião particular para o Iémen.
O relatório da polícia diz que a morte violenta ocorreu devido a uma "compressão no pescoço", que "pode significar que ela foi estrangulada, imobilizada ou sufocada".
"O corpo dela apresentava 43 cortes e arranhões, muitos deles típicos de lesões resultantes de agressão ou luta", indica.
Note-se que o pai de Farouk, que morreu em 2020, era um dos homens mais poderosos do Iémen, sendo conhecido como "o rei do açúcar".
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