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Moçambique. "Processo de desmobilização terminado nos próximos meses"

O enviado do secretário-geral da ONU para Moçambique disse hoje à Lusa que o Governo tem o dinheiro para pagar as pensões aos guerrilheiros da Renamo e que o processo de desmobilização será concluído "nos próximos meses".

Moçambique. "Processo de desmobilização terminado nos próximos meses"
Notícias ao Minuto

23:53 - 29/03/23 por Lusa

Mundo ONU

"Acho que o processo de desmobilização vai ser terminado nos próximos meses. É claro que o que estava a criar um problema entre o Governo e a Renamo (principal partido da oposição) era o assunto das pensões, porque para a Renamo é um assunto muito importante e também importante para a sustentabilidade do processo de paz", disse Mirko Manzoni em entrevista à Lusa, em Nova Iorque.

"O financiamento é um assunto que parece ser um pouco técnico. O financiamento das pensões foi votado, o Governo de Moçambique tem o dinheiro para pagar as pensões. É claro que o assunto das pensões não é fácil. Também no meu país, que é a Suíça, não é um assunto fácil. As pensões, no caso de Moçambique, vão ser pagas como a todos os combatentes. O Orçamento de Moçambique é baseado muito sobre a dívida, porque o Moçambique não tem capacidade de financiar tudo e a dívida é financiada através de bancos locais", acrescentou o envio pessoal de António Guterres

O Conselho de Ministros de Moçambique aprovou na semana passada o pagamento de pensões de reforma aos antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, anunciou o porta-voz do Governo, Filimão Suaze.

O pagamento de pensões de reforma tem sido o principal contencioso entre o Governo moçambicano e a Renamo no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros do principal partido da oposição.

Filimão Suaze adiantou que os homens armados daquela organização ou seus descendentes vão beneficiar ainda de pensão de invalidez, de sobrevivência e de subsídio por morte.

Para Manzoni, o próximo passo do processo DDR "será muito importante", porque consiste no encerramento da última base da Renamo na serra da Gorongosa, que foi adiado em dezembro último.

"Mas depois também temos todo um processo que tem de continuar e avançar, que é o processo de reintegração dos combatentes na vida normal, civil. É um processo que está a avançar. Estamos a trabalhar com muitos parceiros do setor privado, também como parceiros de desenvolvimento, e é um processo que tem de continuar por mais anos, porque estamos a trabalhar com os combatentes diretamente, com as comunidades, com as famílias. É um processo que vai continuar nos próximos meses e anos", avaliou o enviado.

Contudo, e apesar de acreditar que isso acontecerá nos próximos meses, a Renamo considerou no mês passado que é "uma incógnita" o encerramento da última base do partido, no âmbito dos acordos de paz.

"Isto começa a ser uma incógnita: estão a assassinar os nossos desmobilizados", disse José Manteigas, porta-voz do partido, durante uma conferência de imprensa em Maputo, na qual denunciou o alegado assassinato de um delegado e desmobilizado no centro do país.

José Manteigas disse que a morte cria "um ambiente de desconfiança" referindo que o partido não pode prever, neste momento, datas para o encerramento da base.

Contudo, Mirko Manzoni rejeitou as alegações de perseguição e violência contra ex-guerrilheiros, afirmando que se trata de "manipulação de informação".

"Acho que, na verdade, o que temos é uma confirmação de que os combatentes são acolhidos de uma maneira muito franca e positiva nas comunidades. Pode ser que tenhamos casos pontuais de violência, mas não é uma situação sistemática. Acho que falar desta maneira é um pouco manipular a informação ou utilizar a informação de uma maneira que não é correta", disse à Lusa Manzoni.

"Acho que não podemos falar de violências contra os combatentes. Isto não é verdade. Não temos nenhuma informação sobre a violência sistemática. Podem ser casos pontuais, mas podem ser também casos com outras pessoas que não são os combatentes", advogou o enviado de Guterres.

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