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Trabalhar 69 horas por semana? Coreia do Sul recua após protestos

Se a proposta de aumentar o número de horas de trabalho semanais das atuais 52 para 69 agradava os empregadores, que argumentam que o modelo atual não facilita o cumprimento de prazos, o plano não foi visto com bons olhos por parte das gerações mais novas.

Trabalhar 69 horas por semana? Coreia do Sul recua após protestos
Notícias ao Minuto

21:35 - 17/03/23 por Daniela Filipe

Mundo Coreia do Sul

O governo da Coreia do Sul recuou no seu plano de implementação de uma semana laboral de até 69 horas, depois de os mais jovens se terem insurgido contra a medida que, na sua ótica, colocaria não só o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal em risco, como teria efeitos nocivos para a sua saúde.

Se a proposta de aumentar o número de horas de trabalho semanais das atuais 52 para 69 agradava os empregadores, que argumentavam que o modelo atual não facilita o cumprimento de prazos, o plano não foi visto com bons olhos por parte das gerações mais novas.

Na verdade, os protestos da geração Z e dos 'millennials' levaram o presidente Yoon Suk-yeol a pedir que as agências governamentais repensassem a medida, bem como a adotar uma “melhor comunicação” com estes grupos etários, diz o The Guardian.

“A génese da política laboral do presidente Yoon Suk-yeol é proteger os direitos e interesses dos trabalhadores menos privilegiados, como a geração Z e os 'millennials', os trabalhadores que não pertencem a um grupo sindical e aqueles que trabalham em pequenas e médias empresas”, disse o assessor de imprensa presidencial, Kim Eun-hye, citado pelo Korea Herald.

Nessa linha, o governo tomará uma decisão depois de consultar estas camadas, assegurou o responsável.

Ainda assim, o Ministério do Trabalho desvalorizou as preocupações dos trabalhadores mais jovens, considerando que este sistema de trabalho flexível lhes daria mais opções de horário, revertendo o atual modelo de 40 horas semanais e até 12 horas extras, introduzido em 2018. Lee Jung-sik, o ministro encarregue desta pasta, argumentou ainda que este aumento permitira às mulheres acumular mais horas extras e folgas, que poderiam ser usadas posteriormente, para compromissos familiares.

Por seu turno, associações sindicais e opositores políticos equacionaram que esta alteração nada faria para colmatar a baixa taxa de natalidade do país, uma vez que “tornaria legal trabalhar desde as 9 da manhã até à meia-noite, durante cinco dias seguidos”.

“Não há qualquer preocupação com os trabalhadores”, disse a Confederação Coreana de Sindicatos, em comunicado.

Já os grupos de defesa dos direitos das mulheres apontaram que "enquanto os homens trabalhariam mais horas e seriam dispensados das responsabilidades e direitos associados ao trabalho doméstico e de cuidado, as mulheres acumulariam todo este trabalho".

De notar que os sul-coreanos trabalharam uma média de 1.915 horas por ano em 2021, 199 horas a mais do que a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que registou 1.716 horas por funcionário no mesmo ano, de acordo com seu mais recente relatório.

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