Meteorologia

  • 18 ABRIL 2024
Tempo
24º
MIN 16º MÁX 26º

Mais de 100 detidos numa semana na Bielorrússia

Defensores dos direitos humanos na Bielorrússia denunciaram hoje uma nova onda de repressão de dissidentes que causou a detenção de mais de 100 pessoas -- incluindo vários psicólogos e psiquiatras -- numa semana.

Mais de 100 detidos numa semana na Bielorrússia
Notícias ao Minuto

23:18 - 14/03/23 por Lusa

Mundo Bielorrússia

O Viasna, o mais antigo e mais destacado grupo de defesa dos direitos humanos bielorrusso, indicou que as detenções em massa ocorreram na capital, Minsk, bem como no leste e no oeste do país, tendo as autoridades tomado como alvos ativistas da oposição, jornalistas, profissionais de saúde, membros de clubes desportivos de tiro e operadores de 'drones' (aparelhos voadores não-tripulados).

O advogado do Viasna Pavel Sapelka disse à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) que as forças de segurança da Bielorrússia estão a levar a cabo "rusgas e buscas em larga escala" a suspeitos de envolvimento num recente ataque a um avião de combate russo estacionado perto de Minsk.

"Guerrilhas" do movimento de oposição do país BYPOL reivindicaram a autoria do ataque a um Beriev A-50 estacionado na base aérea de Machulishchy, próximo da capital bielorrussa.

A Rússia usou o território dos seus aliados bielorrussos para invadir a Ucrânia, há pouco mais de um ano, e os bielorrussos continuam a acolher tropas russas, aviões de combate e outro armamento.

Os ativistas da oposição afirmaram que o seu objetivo era minar o apoio das autoridades bielorrussas à guerra russa na Ucrânia.

Estas, por sua vez, indicaram ter pedido a Moscovo, aliada de longa data, que monitorizasse a sua fronteira e inicialmente mantiveram silêncio sobre o incidente.

Alguns dias depois, o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, reconheceu o ataque, declarando que os danos causados ao avião de combate foram insignificantes, mas admitindo que este teria de ser enviado para a Rússia para reparação.

Segundo o Ministério do Interior bielorrusso, só no dia 09 de março, 60 pessoas foram detidas no âmbito de "uma intensificação dos esforços contra os envolvidos em grupos extremistas e organizações terroristas".

A agência de segurança estatal KGB do país também reportou ter detido um cidadão ucraniano que as autoridades acusam de atacar o avião e 20 cidadãos bielorrussos alegadamente cúmplices.

As autoridades também comunicaram ter detido 30 pessoas na cidade de Gomel, na fronteira com a Ucrânia, "com o propósito de identificar as ligações com membros estrangeiros de grupos extremistas".

De acordo com o Viasna, os detidos em Gomel continuam sob custódia em condições difíceis.

O grupo também denunciou "inexplicáveis" detenções em massa de psicólogos e psiquiatras bielorrussos: mais de 20 médicos foram detidos em todo o país, e as autoridades "exigem que eles violem o sigilo profissional entre médico e doente e identifiquem doentes "desagradáveis" que estejam a tratar.

Um total de quatro jornalistas foi também detido na Bielorrússia na última semana; entre eles, estão Viachaslau Lazarau, que foi preso em Vitebsk e enfrenta acusações de "contribuir para atividades extremistas", e o repórter de imagem Pavel Padabed, hoje detido em Minsk devido a uma publicação nas redes sociais datada de 2012. Outro jornalista, Anatol Hatouchyts, foi submetido a buscas na sua residência.

"Temos conhecimento de uma centena de detidos em toda a Bielorrússia, mas a verdadeira escala [da operação de repressão] pode ser muito maior", disse Sapelka.

"Qualquer ato de resistência ao regime de Lukashenko desencadeia uma nova vaga de repressão na Bielorrússia", observou o advogado do Viasna, acrescentando que a repressão visa "semear mais medo numa já intimidada sociedade".

Uma ação de repressão de dissidentes de grandes proporções foi levada a cabo pelas autoridades na Bielorrússia em 2020 e tem continuado por vagas desde então. Surgiu em resposta à contestação em massa que se seguiu às eleições de agosto de 2020 que deram a Lukashenko um novo mandato presidencial.

Os políticos da oposição e os países ocidentais classificaram os resultados do escrutínio como fraudulentos.

Lukashenko, um aliado de longa data do Presidente russo, Vladimir Putin, que apoiou a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, governa a ex-república soviética com punho de ferro desde 1994: mais de 35.000 pessoas foram presas e milhares foram espancadas pela polícia durante os protestos, os maiores alguma vez realizados no país.

"Detenções, rusgas, tortura atrás das grades prosseguem na Bielorrússia, os prisioneiros políticos são pressionados e os órgãos de comunicação social independentes estão a ser rotulados como extremistas", descreveu Sapelka, acrescentando que "a repressão contra aqueles que ativamente expressam as suas opiniões sobre a guerra na Ucrânia, desencadeada pela Rússia, está a intensificar-se a cada dia que passa".

Leia Também: Carro-bomba mata funcionário ucraniano em território ocupado pela Rússia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório