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Caso de Marielle Franco é retrato de impunidade no Brasil, diz Amnistia

A organização não-governamental (ONG) Amnistia Internacional considerou que o assassínio não resolvido da vereadora brasileira, ativista e defensora dos direitos humanos Marielle Franco é um retrato da impunidade no Brasil.

Caso de Marielle Franco é retrato de impunidade no Brasil, diz Amnistia
Notícias ao Minuto

18:19 - 13/03/23 por Lusa

Mundo Brasil

"Para nós é lamentável", afirmou a diretora-executiva da Amnistia Internacional para o Brasil, Jurema Werneck, a um dia de se assinalar a morte da ativista, em entrevista à agência de notícias Efe.

"O Brasil é o quarto país do mundo que mata os mais defensores dos direitos humanos. É por isso que o assassinato de Marielle, que continua por se resolver cinco anos depois, é um retrato vivo", frisou a responsável.

Na sua opinião, o caso de Marielle é emblemático para a organização, que o tem acompanhado de perto desde o início e tem estado envolvida com os seus familiares em todas as campanhas que exigem respostas das autoridades.

"Desde o primeiro momento assumimos o compromisso público de não deixar morrer este caso juntamente com a Marielle. E vamos continuar a mobilizar-nos até à resposta final", disse Werneck.

A morte a tiro da Marielle Franco em 14 de março de 2018 chocou o Brasil e teve grandes repercussões internacionais porque a ativista, uma mulher negra, nascida na favela, lésbica, destacou-se pela sua forte defesa dos direitos humanos, pelas suas iniciativas de apoio às minorias e pela sua posição contra as milícias.

A vereadora foi assassinada numa rua central do Rio de Janeiro juntamente com o condutor do seu veículo, Anderson Gomes, depois de participar num evento de mulheres negras.

Embora as autoridades tenham prendido dois ex-polícias em 2019 sob a acusação de serem os autores do crime, a investigação não conseguiu até agora identificar os mandantes do assassínio nem esclarecer os motivos para o crime.

Werneck afirmou que como nenhum dos dois suspeitos foi julgado ou condenado, o seu envolvimento na "tragédia", que permanece impune, não foi totalmente provado.

"O Brasil tem sido, desde há muito, o país da impunidade. Esperamos que o legado de Marielle contribua para o fim da impunidade no país", sublinhou.

Representantes da Amnistia Internacional e familiares da vereadora reuniram-se na quinta-feira com a nova equipa de procuradores responsáveis pela investigação, a quinta até agora, e que não tiveram novos desenvolvimentos a relatar.

Werneck disse que a ONG internacional de defesa dos direitos humanos saúda o desejo expresso pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de cooperar nas investigações, mas salientou que isto não é mais do que uma obrigação do Governo.

Lula da Silva, que nomeou a irmã de Marielle, Anielle Franco, para o cargo de ministra da Igualdade Racial, ordenou à Polícia Federal que criasse um grupo de apoio para colaborar nas investigações.

"Reunimo-nos com todas as autoridades nos últimos cinco anos, absolutamente todas elas disseram que a Polícia Federal já estava a colaborar e nós ainda estamos no mesmo lugar", referiu Werneck.

"Há muitas perguntas. Não queremos apenas saber quem matou Marielle e [também] quem a mandou matar", concluiu.

Leia Também: Brasil abre nova investigação sobre assassínio de Marielle Franco

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