O porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, anunciou na sexta-feira que Tiba Ali foi morta, em 31 de janeiro, na cidade de Diwaniya, pelo pai, que se entregou à polícia.
Segundo a Associated Press (AP), existem relatórios que indicam que o pai de Tiba Ali a estrangulou à noite enquanto esta dormia.
O denominado "assassinato de honra" foi condenado por grupos de direitos das mulheres e fez soar o alarme sobre a violência contra as mulheres no Iraque e a necessidade de reformar a legislação para sanções mais duras aos agressores.
Na manifestação de hoje, havia quem empunhasse faixas a condenar o assassinato da estrela de YouTube, exigindo reformas legislativas, indica a AP.
"Não há honra no crime de matar mulheres", lia-se num cartaz.
"Qualquer um que se queira livrar de uma mulher acusa-a de desonrar a sua dignidade e mata-a", disse Israa al-Salman, manifestante, à AP, que também apelava a que o pai de Ali fosse executado.
O artigo 41 do código penal do Iraque permite que os maridos "disciplinem" as esposas, o que inclui espancamentos. Enquanto isso, o Artigo 409 reduz as sentenças de homicídio para homens que matam ou prejudicam permanentemente as esposas ou parentes do sexo feminino devido a adultério para até três anos de prisão.
Rosa al-Hamid, ativista do grupo da sociedade civil Organização para a Liberdade das Mulheres no Iraque, apelou às autoridades para que aprovem um projeto de lei contra a violência doméstica, parado no Parlamento iraquiano desde 2019.
"Tiba foi morta pelo pai com justificações tribais que são inaceitáveis", disse à AP.
A vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte da África, Aya Majzoub, em comunicado à imprensa, considerou "que a violência contra mulheres e jovens no Iraque irá continuar" até que "as autoridades iraquianas adotem uma legislação robusta" para as proteger "da violência de género".
A política da cidade e a administração do hospital recusaram-se a comentar a morte da jovem.
Tiba Ali vivia em Istambul, na Turquia, e tinha um canal no YouTube com mais de 20 mil subscritores, documentando a vida na cidade turca ao lado do namorado sírio, um investidor imobiliário.
No primeiro vídeo no YouTube, em novembro de 2021, Ali disse que se mudou para a Turquia para continuar os estudos, mas optou por ficar porque gostava da vida naquele país.
Alegadamente, o pai não concordou com a mudança, nem com os planos de se casar com o namorado, havendo relatos de uma discussão acalorada durante uma visita da jovem ao Iraque, um dia antes da sua morte.
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