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Missão na RDCongo acredita que visita do papa "poderá mudar realidade"

O administrador principal da missão dos Combonianos na República Democrática do Congo (RDCongo), o padre português Marcelo Oliveira, considera que a visita do Papa Francisco, que hoje se inicia, "poderá mudar em muito a realidade" do país.

Missão na RDCongo acredita que visita do papa "poderá mudar realidade"
Notícias ao Minuto

14:50 - 31/01/23 por Lusa

Mundo RDCongo

"A visita do Papa, do homem que vem vestido de branco, do homem que traz a paz, poderá ser significativa, poderá mudar em muito a realidade deste país", afirmou o clérigo, citado pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre).

"O Papa vem como pastor, como pastor da paz, e creio que esta sua visita vai, de facto, permitir-lhe encontrar-se com as situações de violência, de sofrimento que este povo continua a atravessar depois de muitas décadas", acrescentou.

Francisco inicia hoje em Kinshasa uma visita de sete dias à RDCongo e ao Sudão do Sul, dois países atingidos pela guerra, fome e catástrofes naturais ligadas às alterações climáticas.

A 40.ª viagem internacional de Francisco, de 86 anos, que se antevê como particularmente desafiante devido aos seus problemas de mobilidade, esteve agendada para julho do ano passado, mas uma artrose no joelho provocou o seu adiamento e, desde então, a situação de segurança na região tornou-se mais complicada em ambos os países.

Nos últimos meses, o leste da RDCongo tem sido palco de um recrudescimento da violência, sobretudo na fronteira com o Ruanda, uma zona com subsolo rico em coltan, fundamental para a indústria de equipamentos eletrónicos, e onde existem mais de 100 grupos armados ativos, nomeadamente o Movimento 23 de Março (M23) e as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), razão pela qual a visita do Papa a Goma, planeada no programa inicial, foi suspensa.

O M23 é acusado por Kinshasa de atuar com a colaboração do Ruanda, acusação que Kigali tem negado sempre, ainda que, pelo menos, dois relatórios das Nações Unidas a tenham confirmado.

Já o Ruanda, assim como o M23, acusam o exército congolês de se ter aliado aos rebeldes das FDLR, fundadas em 2000 por responsáveis pelo genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDCongo, com o objetivo de recuperarem o poder político no país de origem. As Nações Unidas também confirmaram esta colaboração.

A viagem de Francisco tem início com a sua chegada a Kinshasa, que irá percorrer de carro desde o aeroporto da capital até ao Palácio da Nação para uma cerimónia de boas-vindas e encontro com o Presidente Felix Tshisekedi, antes de proferir o seu primeiro discurso no país.

O líder da igreja católica apelará ao diálogo como veículo para alcançar a paz, num discurso que tem como contexto a morte de mais de 200 civis e a fuga das suas casas de quase 52.000 pessoas nas províncias de Ituri e Kivu do Norte nas últimas seis semanas, enquanto mais de 1,5 milhões de pessoas permanecem na região como deslocados internos.

"Nas últimas semanas, as notícias mostraram-nos quantos ataques armados, quantas pessoas foram atacadas... Na nossa comunidade, que se encontra na parte leste da RDCongo, um dos nossos jovens em formação foi baleado", ilustrou o clérigo português.

Marcelo Oliveira, natural de Mortágua, chamou a atenção para um ataque armado contra um veículo da comunidade comboniana na província do Kivu do Norte, no passado domingo, dia 22, em que um dos ocupantes, um jovem religioso de 22 anos, ficou ferido.

Dias antes, no entanto, a região foi palco de outro ataque, bem mais violento, contra uma igreja cristã protestante em Kasindi, em que pelo menos 15 fiéis perderam a vida e várias dezenas ficaram feridos pela explosão de uma bomba colocada no meio do templo por elementos de um grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico.

Leia Também: RDCongo expulsa soldados ruandeses da força regional destacada no leste

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