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Rússia encerra o Centro Sakharov, último bastião da liberdade

A Rússia decidiu encerrar o Centro Sakharov, o último bastião de liberdade para os opositores do Kremlin, defensores dos direitos humanos e opositores da campanha militar na Ucrânia.

Rússia encerra o Centro Sakharov, último bastião da liberdade
Notícias ao Minuto

09:50 - 28/01/23 por Lusa

Mundo Rússia

"Num país que não é livre, não pode haver uma ilha de liberdade. Vivemos sob uma ditadura", disse Sergey Lukashevsky, diretor do centro, que está exilado em Berlim desde o início do conflito.

O Centro Sakharov, fundado sete anos após a morte do vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1989, acolhe exposições, conferências, concertos, filmes e peças de teatro, a maioria dos quais são independentes.

Além disso, os seus dois edifícios albergam uma biblioteca e duas exposições permanentes, uma sobre a vida de Sakharov e a outra sobre a história do movimento dissidente na União Soviética. O jardim contíguo é dominado por um fragmento do Muro de Berlim.

Os dias do centro estão contados, já que o Ministério Público decidiu expulsar a instituição histórica com o fundamento de que representa uma ameaça à segurança e à ordem constitucional neste país.

"A acusação de que minamos a segurança do Estado é ridícula. O que está a acontecer é que, porque o Kremlin tem um medo atroz da liberdade de expressão, somos uma plataforma perigosa", diz Lukashevsky, que na sexta-feira foi multado, à revelia, em 3 milhões de rublos (cerca de 39.560 euros).

Recordou que ao longo dos anos o seu espaço tem reunido pessoas que discordam da política e do estado de espírito dominante na Rússia, baseado "na xenofobia, no chauvinismo, na repressão dos direitos humanos e no desrespeito pela dignidade humana".

Primeiro foi a vez da principal Organização Não Governamental (ONG) russa, Memorial. No início desta semana foi a vez da mais antiga, o Grupo Moscovo Helsínquia, e agora a mais influente.

Neste caso, a desculpa é uma nova emenda que estipula que os agentes estrangeiros também não podem receber financiamento estatal, o que permitiu à Câmara Municipal de Moscovo rescindir o contrato de arrendamento e emitir a ordem de despejo.

O despejo, que vem juntar-se aos 5 milhões de rublos (mais de 64.400 euros) de multa que a organização recebeu em dezembro, "é o primeiro passo para a liquidação", de acordo com o seu diretor.

O diretor do Centro Sakharov disse que as atividades do Centro estão estreitamente ligadas ao edifício que o alberga, mas, tal como as outras organizações liquidadas, continuará a trabalhar.

O Presidente russo, Vladimir Putin, "não precisa da sociedade civil, ou seja, de uma voz independente para denunciar os problemas dos direitos humanos".

Lukashevski acredita que a Rússia já ultrapassou a linha vermelha e se tornou uma "típica ditadura personalista".

"Um regime que se baseia na força, que controla a sociedade através do medo, onde não há alternância política e onde uma pessoa dirige o Estado quase sozinha durante mais de 20 anos é uma ditadura", acusou.

Na Rússia dificilmente se pode sair à rua, não há imprensa independente, não há liberdade de expressão ou de reunião e as últimas alavancas da liberdade foram eliminadas, acrescentou.

Leia Também: AO MINUTO: Rússia? "Atacar ao máximo"; Moscovo e Lynne Tracy vão falar

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