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Ucrânia. Kyiv grata por apoio militar, mas "não é suficiente"

O conselheiro do Ministério da Defesa da Ucrânia Yuriy Sak afirma que as autoridades de Kiev estão muito gratas pelo apoio dos aliados ocidentais, incluindo Portugal, mas alerta que não é suficiente e tem de ser mais rápido.

Ucrânia. Kyiv grata por apoio militar, mas "não é suficiente"
Notícias ao Minuto

08:18 - 28/01/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

Em entrevista à agência Lusa, o conselheiro militar diz que a ajuda do ocidente "foi muito crucial durante toda esta guerra, desde o primeiro dia da invasão da Ucrânia pelo agressor [russo]", em 24 de fevereiro do ano passado, apesar de alguns aliados estarem inicialmente "hesitantes em dar à Ucrânia, por exemplo, armas letais, que são usadas para parar tanques e veículos blindados".

Pouco a pouco, recorda, registou-se "uma mudança de atitude", face "às atrocidades cometidas pelo Exército russo e todos começaram a perceber que o Exército russo não será parado apenas com negociações".

Na semana passada vários países anunciaram o fornecimento à Ucrânia de tanques pesados Leopard 2, de fabrico alemão, e os Estados Unidos o Abrams, que Kiev pedia insistentemente, mas que as autoridades de Berlim e de Washington estavam renitentes em autorizar.

"Agora a Ucrânia receberá tanques dos nossos aliados e este será um desenvolvimento importante no campo de batalha", afirma o especialista militar, acrescentando: "Muitas coisas que eram impossíveis no início, tornaram-se possíveis depois".

Yuriy Sak diz que a Ucrânia está muito grata pela ajuda dos aliados, "incluindo Portugal, porque Portugal tem prestado muito apoio militar à Ucrânia".

Números avançados pela imprensa ucraniana dão conta do envio de cerca de cem tanques pesados, mas para o conselheiro militar é preciso mais: "Se a sua pergunta é se é suficiente para a Ucrânia, vou ter de responder sinceramente que não é".

O Exército ucraniano, precisa, necessita de 300 a 400 tanques "para que seja eficiente, para que possa continuar a contraofensiva e realmente romper as linhas de defesa do inimigo".

Precisa igualmente que o processo de envio seja mais célere do que os países aliados têm anunciado. "A coligação internacional que está ao lado da Ucrânia, que fornece à Ucrânia o apoio militar, pelo qual estamos muito gratos, precisa ser mais rápida", adverte, sublinhando que a Ucrânia fará o resto do trabalho.

"Onze meses depois desta guerra, esperamos que os nossos aliados ocidentais entendam muito bem que todos nós precisamos de uma coligação de nações livres. Temos de estar um passo à frente nesta matéria, porque, se estivermos um passo atrás, mais soldados ucranianos terão de sacrificar as suas vidas defendendo a nossa liberdade comum, mais cidades ucranianas terão de ser destruídas, e isso pode e deve ser evitado", sustentou.

A Ucrânia espera igualmente velocidade da parte dos aliados no envio de mísseis de longo alcance e aviões de combate e que não se repita a demora no entendimento para o envio de tanques nem impedimentos burocráticos.

"Qual é o sentido de arrastar este processo por um longo tempo? Precisamos fazer o que o nosso ministro da Defesa disse e atacar com punho de aço e, quanto mais armas recebermos - caças, tanques, mísseis de longo alcance - mais eficientes seremos e tenho a certeza de que ninguém está interessado em que esta guerra se torne prolongada", declarou.

Yuriy Sak refere que "esta é a maior guerra que o mundo assistiu desde o fim da II Guerra Mundial", em que "todo o tipo de armamento é usado muito, muito intensamente", dando conta de conversas que manteve com pessoas que participaram no conflito do Iraque, no Afeganistão e noutros países como a Síria, "e todos eles dizem que a intensidade da guerra na Ucrânia é algo que eles não viram em nenhum lugar".

É por isso que insiste no pedido de Kiev de "intensificar o apoio" e no envio de aviões de combate: "Vamos começar o treino de pilotos ucranianos em F-16 e outras versões de aeronaves de quarta geração. Isso garantirá que a guerra possa ser terminada mais cedo ou mais tarde".

Um dos motivos que tem conduzido às hesitações dos aliados no fornecimento de armamento à Ucrânia está relacionado com o risco da aproximação de uma confrontação entre a Rússia e a NATO, o que para Yuriy Sak não faz sentido.

"A única coisa que podemos dizer é que se o mundo ocidental não quer que essa guerra se torne mais global, então é preciso que os aliados ocidentais apoiem a Ucrânia mais rapidamente", repetindo os avisos de Kiev de que a pretensão do Presidente russo, Vladimir Putin, não se esgota na Ucrânia.

"É claro que Putin não tem a intenção de parar na Ucrânia. Se lhe for permitido, ele irá mais longe para oeste, porque ele odeia a NATO" e, explica, os seus interesses alargam-se a outros países como os estados bálticos, Polónia, Eslováquia, Hungria e Roménia. "Ele não quer que eles façam parte da NATO. Então, todos nós entendemos que este é um risco real".

No entanto, prossegue, a Ucrânia conseguirá travá-lo se tiver o apoio necessário: "Podemos parar esta guerra aqui. Não precisamos ter medo de um assediante, desse tigre de papel", afirmou, acrescentando que, quando as forças ucranianas se batem contra os russos, "todos veem como eles correm".

Leia Também: "Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha"

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