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Sérvia disposta a aceitar plano sobre Kosovo para evitar exclusão da UE

A Sérvia terá demonstrado disponibilidade para aceitar um plano sobre o Kosovo após pressões europeias e norte-americanas e assim evitar a exclusão da adesão à União Europeia, face à incógnita sobre a posição dos albaneses kosovares, afirmaram esta sexta-feira analistas.

Sérvia disposta a aceitar plano sobre Kosovo para evitar exclusão da UE
Notícias ao Minuto

18:14 - 27/01/23 por Lusa

Mundo Kosovo

Enviados de Bruxelas e de Washington intensificaram nas últimas semanas as visitas à Sérvia e ao Kosovo, uma antiga província sérvia que proclamou a independência unilateral que Belgrado não reconhece.

De acordo com diversos analistas em Belgrado citados esta sexta-feira pela agência noticiosa EFE, a Sérvia demonstrou disponibilidade para abordar o plano de normalização com o Kosovo, elaborado pela França e Alemanha e ainda por finalizar, e assim evitar comprometer a perspetiva de candidato à adesão ao bloco europeu.

Em simultâneo, permanecem as divergências com Bruxelas por não ter aderido às sanções contra a Rússia, seu aliado histórico.

A liderança albanesa do Kosovo tem-se por sua vez recusado, desde há uma década, conceder uma autonomia aos sérvios do Kosovo, após um acordo nesse sentido firmado em 2013, e aparentam uma maior indecisão.

Segundo os analistas, a União Europeia (UE) pretende "solucionar com urgência" o problema kosovar para reduzir o impacto da Rússia na instável região balcânica.

O Presidente sérvio, o nacionalista conservador Aleksandar Vucic, já afirmou que o plano é difícil para a Sérvia, mas deve dialogar para prosseguir no caminho da UE, porque caso contrário estará "económica e politicamente perdida".

Vucic alertou que a Sérvia recebeu advertências de que a não-aceitação do plano implicaria a interrupção do processo de integração na UE, a redução e a retirada de investimentos estrangeiros e outras medidas com forte impacto no país.

O Presidente sérvio já anunciou consultas populares sobre este tema, num país em que o apoio à integração na UE desceu para 43%, enquanto permanece uma grande proximidade com a Rússia.

O plano, impulsionado por Paris e Berlim, permanece secreto enquanto se finalizam os detalhes.

No entanto, os 'media' sérvios revelaram que estipula relações de boa vizinhança e cooperação, apesar de não prever o reconhecimento explícito do Kosovo pela Sérvia.

O documento transitório compromete as duas partes ao prosseguimento do diálogo "que conduziria a um acordo total, legalmente vinculativo, para a normalização das relações".

A posição do Kosovo, que exige o reconhecimento da independência, também será decisiva para o sucesso desta iniciativa com origem franco-alemã.

Segundo o primeiro-ministro kosovar, Albun Kurti, "o acordo deverá supor o reconhecimento mútuo porque apenas dessa forma será possível normalizar as relações entre o Kosovo e a Sérvia".

O principal obstáculo reside na concessão de uma considerável autonomia para população sérvia kosovar, que se considera cada vez mais discriminada.

Em 2013, Pristina concordou na concessão dessa autonomia através da formação de uma associação de municípios sérvios, mas o atual Governo de Kurti alega que não está em conformidade com a Constituição do Kosovo, sendo escassas as possibilidades de promover emendas ao texto.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Leia Também: Sérvia pode enfrentar isolamento internacional por causa de Kosovo

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