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ONG pede à China que liberte manifestantes que pediram fim da zero-Covid

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch pediu hoje ao Governo chinês que liberte os manifestantes detidos por participarem em novembro nos protestos contra a estratégia 'zero covid' em várias cidades do país.

ONG pede à China que liberte manifestantes que pediram fim da zero-Covid
Notícias ao Minuto

07:41 - 26/01/23 por Lusa

Mundo China

"As autoridades chinesas devem libertar e retirar imediatamente todas as acusações contra as pessoas detidas por participarem nos protestos 'papel em branco'", apelou, em comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos.

Os manifestantes ergueram folhas de papel em branco como forma de denunciar a censura exercida pelo regime chinês, durante os protestos ocorridos no final de novembro.

Os protestos contra a política de 'zero casos' de covid-19 irromperam então em várias cidades da China. A estratégia chinesa incluía o isolamento de todos os casos positivos e contactos próximos, o bloqueio de bairros ou cidades inteiras e a realização constante de testes em massa.

O gatilho para as manifestações pacíficas foi a morte de dez pessoas num incêndio na cidade de Urumqi. Imagens difundidas nas redes sociais mostram que o camião dos bombeiros não conseguiu entrar inicialmente no bairro, já que o portão de acesso estava trancado, e que os moradores também não conseguiram escapar do prédio, cuja porta estava bloqueada, em resultado das medidas de prevenção epidémica então vigentes no país.

Alguns dos manifestantes soltaram também palavras de ordem contra o Partido Comunista Chinês, partido único do poder na China.

A ONG também denunciou o "assédio" das autoridades a advogados e amigos de manifestantes e a censura de informação relacionada com os protestos nas redes sociais.

"Os jovens na China estão a pagar um preço alto por ousarem defender a liberdade e os direitos humanos", afirmou Yaqiu Wang, pesquisador da organização, citado no comunicado. "Governos e instituições internacionais em todo o mundo devem mostrar apoio e pedir às autoridades chinesas que os libertem imediatamente", apontou.

Os protestos também atraíram apoio entre a diáspora chinesa, com milhares a manifestarem-se em mais de uma dúzia de países, da Nova Zelândia ao Canadá.

Face ao crescente descontentamento popular e ao colapso dos dados económicos, Pequim optou então pelo desmantelamento acelerado da estratégia, abdicando de estratégias de mitigação. Seguiu-se então uma vaga de casos que inundou os hospitais e crematórios do país.

A Human Rights Watch acusou ainda o Governo chinês de suprimir os números reais de mortes e infeções por covid-19, ao impedir que hospitais e famílias registassem o novo coronavírus como causa da morte de pacientes.

"Enquanto isso, as autoridades de todo o país perseguiram ou detiveram dezenas de estudantes, jornalistas e outros que participaram nos protestos", denunciou a organização.

"Alguns manifestantes foram libertados sob fiança. Outros permanecem detidos, tendo alguns deles sido formalmente detidos. O paradeiro atual ou as condições de alguns dos detidos são desconhecidos", acrescentou.

Alguns dos manifestantes foram detidos por "provocarem altercações e problemas", uma acusação vaga frequentemente usada na China contra ativistas e manifestantes.

De acordo com o artigo 293 da Lei Penal da China, aquele crime acarreta pena de até cinco anos de prisão.

"A polícia também ameaçou advogados que tentaram prestar assistência jurídica aos manifestantes detidos", denunciou a HRW, acrescentando que "as autoridades assediaram ainda amigos de manifestantes detidos que lhes prestaram apoio".

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