ONU pede que talibãs revertam decretos contra mulheres
Uma delegação de alto nível da ONU liderada pela vice-secretária-geral, Amina Mohammed, pediu ao regime talibã que reverta decretos contra os direitos das mulheres na conclusão de uma visita de quatro dias ao Afeganistão, anunciaram as Nações Unidas.
© REUTERS/Eduardo Munoz
Mundo ONU
Em reuniões com autoridades Talibãs em Cabul e Kandahar, a delegação transmitiu diretamente o alarme sobre o recente decreto que proíbe as mulheres de trabalhar para organizações não-governamentais (ONG), "uma medida que prejudica o trabalho de inúmeras organizações que ajudam milhões de afegãos vulneráveis", indicou o gabinete do secretário-geral das Nações Unidas em comunicado.
Amina Mohammed, a mulher com o mais alto cargo nas Nações Unidas (ONU), abordou também a recente decisão dos talibãs de impedir o acesso a universidades para estudantes do sexo feminino em todo o país e a proibição das meninas de frequentar a escola secundária, entre outras restrições.
"A minha mensagem foi muito clara: embora reconheçamos as importantes isenções feitas, essas restrições apresentam às mulheres e meninas afegãs um futuro que as confina às suas próprias casas, violando os seus direitos e privando as comunidades dos seus serviços", disse a vice-secretária-geral.
Durante a missão, Mohammed e a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, reuniram-se com comunidades afetadas, trabalhadores humanitários, sociedade civil e outros atores importantes em Cabul, Kandahar e Herat.
"Testemunhamos uma resiliência extraordinária. As mulheres afegãs não nos deixaram dúvidas sobre a sua coragem e recusa em serem apagadas da vida pública. Elas continuarão a defender e a lutar pelos seus direitos, e temos o dever de apoiá-las nisso", frisou Bahous.
O que está a acontecer no Afeganistão, segundo Sima Bahous, é uma grave crise dos direitos das mulheres e um alerta para a comunidade internacional.
"Mostra a rapidez com que décadas de progresso nos direitos das mulheres podem ser revertidas em questão de dias. A ONU Mulheres está com todas as mulheres e meninas afegãs e continuará a amplificar as suas vozes para que recuperem todos os seus direitos", advogou.
Antes de chegar à capital afegã, a comitiva da ONU visitou várias capitais da região e do Golfo Pérsico para se reunir com diplomatas de vários países e com representantes de entidades como a Organização para a Cooperação Islâmica e o Banco Islâmico de Desenvolvimento.
Nessas reuniões, segundo a ONU, houve um "consenso claro" sobre a necessidade de garantir o direito ao trabalho e ao estudo das mulheres e meninas afegãs e sobre a importância de os países islâmicos liderarem esforços nesse sentido.
A proposta de uma conferência internacional sobre mulheres e meninas no mundo muçulmano durante o próximo mês de março "também foi considerado e acordado em princípio", destacou a ONU em comunicado.
Apesar das suas promessas, os talibãs têm endurecido progressivamente a sua política em relação às mulheres, impondo cada vez mais restrições que incluem, entre muitas outras coisas, limitações ao trabalho e proibição de acesso ao ensino secundário e superior.
Além disso, no mês passado, as autoridades afegãs proibiram as mulheres de trabalhar em ONG que operam no país, sob o pretexto de que muitos das funcionárias não usavam um lenço na cabeça.
A decisão levou várias ONG a suspender os seus programas no Afeganistão, enquanto a ONU alertou que, se não houver mudanças nos regulamentos, elas serão forçadas a interromper muitas das suas atividades no país.
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