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ONU pede que talibãs revertam decretos contra mulheres

Uma delegação de alto nível da ONU liderada pela vice-secretária-geral, Amina Mohammed, pediu ao regime talibã que reverta decretos contra os direitos das mulheres na conclusão de uma visita de quatro dias ao Afeganistão, anunciaram as Nações Unidas.

ONU pede que talibãs revertam decretos contra mulheres
Notícias ao Minuto

18:33 - 20/01/23 por Lusa

Mundo ONU

Em reuniões com autoridades Talibãs em Cabul e Kandahar, a delegação transmitiu diretamente o alarme sobre o recente decreto que proíbe as mulheres de trabalhar para organizações não-governamentais (ONG), "uma medida que prejudica o trabalho de inúmeras organizações que ajudam milhões de afegãos vulneráveis", indicou o gabinete do secretário-geral das Nações Unidas em comunicado.

Amina Mohammed, a mulher com o mais alto cargo nas Nações Unidas (ONU), abordou também a recente decisão dos talibãs de impedir o acesso a universidades para estudantes do sexo feminino em todo o país e a proibição das meninas de frequentar a escola secundária, entre outras restrições.

"A minha mensagem foi muito clara: embora reconheçamos as importantes isenções feitas, essas restrições apresentam às mulheres e meninas afegãs um futuro que as confina às suas próprias casas, violando os seus direitos e privando as comunidades dos seus serviços", disse a vice-secretária-geral.

Durante a missão, Mohammed e a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, reuniram-se com comunidades afetadas, trabalhadores humanitários, sociedade civil e outros atores importantes em Cabul, Kandahar e Herat.

"Testemunhamos uma resiliência extraordinária. As mulheres afegãs não nos deixaram dúvidas sobre a sua coragem e recusa em serem apagadas da vida pública. Elas continuarão a defender e a lutar pelos seus direitos, e temos o dever de apoiá-las nisso", frisou Bahous.

O que está a acontecer no Afeganistão, segundo Sima Bahous, é uma grave crise dos direitos das mulheres e um alerta para a comunidade internacional.

"Mostra a rapidez com que décadas de progresso nos direitos das mulheres podem ser revertidas em questão de dias. A ONU Mulheres está com todas as mulheres e meninas afegãs e continuará a amplificar as suas vozes para que recuperem todos os seus direitos", advogou.

Antes de chegar à capital afegã, a comitiva da ONU visitou várias capitais da região e do Golfo Pérsico para se reunir com diplomatas de vários países e com representantes de entidades como a Organização para a Cooperação Islâmica e o Banco Islâmico de Desenvolvimento.

Nessas reuniões, segundo a ONU, houve um "consenso claro" sobre a necessidade de garantir o direito ao trabalho e ao estudo das mulheres e meninas afegãs e sobre a importância de os países islâmicos liderarem esforços nesse sentido.

A proposta de uma conferência internacional sobre mulheres e meninas no mundo muçulmano durante o próximo mês de março "também foi considerado e acordado em princípio", destacou a ONU em comunicado.

Apesar das suas promessas, os talibãs têm endurecido progressivamente a sua política em relação às mulheres, impondo cada vez mais restrições que incluem, entre muitas outras coisas, limitações ao trabalho e proibição de acesso ao ensino secundário e superior.

Além disso, no mês passado, as autoridades afegãs proibiram as mulheres de trabalhar em ONG que operam no país, sob o pretexto de que muitos das funcionárias não usavam um lenço na cabeça.

A decisão levou várias ONG a suspender os seus programas no Afeganistão, enquanto a ONU alertou que, se não houver mudanças nos regulamentos, elas serão forçadas a interromper muitas das suas atividades no país.

Leia Também: Afeganistão. Colapso do sistema judicial é catástrofe de direitos humanos

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