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Repressão? Vice-secretária-geral da ONU lidera negociações em Cabul

A mulher com o mais alto cargo nas Nações Unidas chegou esta terça-feira a Cabul para liderar as negociações da delegação que promove os direitos das mulheres e meninas, uma resposta à recente repressão do governo talibã no Afeganistão.

Repressão? Vice-secretária-geral da ONU lidera negociações em Cabul
Notícias ao Minuto

06:37 - 18/01/23 por Lusa

Mundo Talibãs

A secretária-geral adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohammed, ex-ministra nigeriana e muçulmana, está acompanhada por Sima Bahous, diretora-executiva da ONU Mulheres, a agência da ONU que promove a igualdade de género e os direitos das mulheres, e o secretário-geral adjunto para assuntos políticos Khaled Khiari, adiantou o porta-voz Farhan Haq.

O porta-voz da vice-secretária-geral referiu, no entanto, que não podia divulgar a programação ou reuniões específicas em Cabul, por motivos de segurança.

Autoridades da ONU realizaram uma série de consultas de alto nível no Golfo, na Ásia e na Europa "para discutir a situação no Afeganistão, num esforço para promover e proteger os direitos das mulheres e meninas, a coexistência pacífica e o desenvolvimento sustentável", adiantou o porta-voz.

Os membros da delegação reuniram-se com líderes da Organização da Conferência Islâmica, que reúne 57 nações, o Banco Islâmico de Desenvolvimento, grupos de mulheres afegãs em Ancara e Islamabade, e um grupo de embaixadores e enviados especiais ao Afeganistão baseados em Doha, capital do Qatar, revelou ainda.

"Ao longo das visitas, países e parceiros reconheceram o papel crítico da ONU em encontrar um caminho para uma solução duradoura, bem como a necessidade de continuar a fornecer apoio para salvar vidas" e pediram que os esforços fossem intensificados "para refletir o urgência da situação", frisou Farhan Haq.

Em 24 de dezembro, o Ministério da Economia afegão anunciou que as ONG estavam proibidas de trabalhar com mulheres afegãs, devido a "denúncias sérias" sobre o vestuário não cobrir totalmente o corpo e rosto.

No entanto, nos últimos dias, alguns grupos voltaram a prestar apoio em algumas províncias afegãs, com a presença de funcionárias do setor de saúde e nutrição.

"Retomamos as atividades no setor de saúde com pessoal feminino" em quatro províncias, disse esta terça-feira à agência de notícias France-Presse (AFP) Samira Sayed-Rahman, do Comité Internacional de Resgate (IRC na sigla inglesa).

Também a Save The Children anunciou no domingo a retomada das atividades humanitárias em várias zonas do Afeganistão.

Cerca de 1.260 ONG atuam no país, segundo o Ministério da Economia, e empregam milhares de mulheres em cargos essenciais, nomeadamente em programas de ajuda alimentar, na área da saúde ou educação.

As autoridades de outras nações com as quais os líderes da ONU se reuniram disseram que era importante para a comunidade internacional unir-se e falar a uma só voz, apontou Haq.

"A necessidade de um caminho político realista e revitalizado foi consistentemente destacada e todos permaneceram firmes nos princípios fundamentais, incluindo os direitos das mulheres e meninas à educação, trabalho e vida pública no Afeganistão", vincou ainda.

Os grupos concordaram com a realização de uma conferência internacional sobre mulheres e meninas no mundo muçulmano em março, concluiu.

Apesar de inicialmente terem prometido um Governo mais moderado, com respeito pelos direitos das mulheres e das minorias, os talibãs têm adotado uma interpretação cada vez mais fundamentalista da lei islâmica, ou 'sharia'.

Além de proibirem a frequência por meninas do ensino primário, médio e universitário, barraram as mulheres da maioria dos setores de trabalho e ordenaram-lhes o uso, em público, de roupas que as tapem da cabeça aos pés.

A sociedade afegã, embora muito tradicional, tinha adotado nos últimos 20 anos, sob influência dos Estados Unidos e aliados, o hábito de enviar as meninas e mulheres para a escola.

Leia Também: ONG retomam parcialmente atividades no Afeganistão com mulheres

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