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Milhares de sérvios do Kosovo protestam contra discriminação

Milhares de sérvios do Kosovo manifestaram-se hoje na localidade de Rudare, norte do território, junto a uma das barricadas que bloqueiam as estradas em protesto contra as discriminações que dizem ser impostas pela liderança de Pristina.

Milhares de sérvios do Kosovo protestam contra discriminação
Notícias ao Minuto

20:13 - 22/12/22 por Lusa

Mundo Kosovo

"Kurti, Kosovo e Metohija não é tua propriedade, é a terra dos nossos avós", foi o lema do protesto que reuniu em particular os sérvios kosovares do norte, mas também de outros locais, e foi convocado para contestar o Governo do primeiro-ministro albanês kosovar, Albin Kurti.

A população local sérvia do norte do Kosovo mantém bloqueado o tráfego em nove pontos da região desde sábado passado, num agravamento das tensões que poderá comprometer a situação de segurança na ex-província da Sérvia.

A missão policial europeia EULEX e a Força Kfor da NATO reforçaram a presença nas proximidades do protesto, enquanto um helicóptero sobrevoava a zona.

Goran Rakic, um dos líderes sérvios kosovares, declarou em Rudare que os sérvios exigem a libertação imediata dos ex-polícias recentemente detidos por Pristina e a retirada do norte de diversas unidades da polícia especial do Kosovo.

"As barricadas apenas serão levantados se as nossas exigências forem cumpridas", disse Rakic.

A comunidade internacional exige aos sérvios kosovares que retirem as barricadas, uma ação de protesto que Pristina atribui a "bandos criminais controlados pela Sérvia".

A tensão entre Pristina, por um lado, e a população sérvio kosovar e Belgrado, por outro, agravou-se após a detenção de vários polícias sérvios que abandonaram os seus cargos na polícia kosovar em novembro, à semelhante de outros representantes sérvios que se retiraram das instituições do Kosovo.

Os sérvios consideram as detenções sem fundamento e com o objetivo de intimidar a população.

Insistem ainda na retirada da região norte do território das forças policiais especiais enviadas por Pristina, e argumentam que a sua presença viola os acordos alcançados sob mediação da União Europeia (UE), que fornecem as competências policiais à comunidade sérvia local.

Os manifestantes sérvios kosovares acusam a comunidade internacional de tolerar "as constantes provocações" de Pristina, que hoje deslocou novas unidades policiais para o norte.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral da sua ex-província do sul, autoproclamada em 2008 na sequência de uma guerra iniciada por uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,8 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente, cujo Governo pretende impor a sua autoridade em todo o território, foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

Na terça-feira, o Governo espanhol assegurou que o país não apoiará a candidatura do Kosovo de adesão à UE, pelo facto de não ter legitimado a secessão da ex-província sérvia.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Belgrado e os sérvios kosovares também acusam Pristina de bloquear sistematicamente a formação de uma associação de municípios sérvios, prevista nos acordos entre as duas partes assinados em 2013 e mediados pela UE, que permitiria um assinalável grau de autonomia a esta comunidade.

Leia Também: Primeira-ministra sérvia diz que Kosovo está "à beira de conflito armado"

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