O Kremlin justificou, esta segunda-feira, a operação militar especial russa na Ucrânia pelo facto das alegadas preocupações nutridas por Moscovo acerca dos acordos de paz entre Kyiv e os separatistas pró-russos terem sido "ignoradas", estão a reportar as agências noticiosas russas, aqui citadas pela Reuters.
As declarações surgem depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter já lamentado, esta semana, o fracasso na implementação dos acordos de Minsk - que previam um cessar-fogo e acordos de reforma constitucional entre Kyiv e as forças separatistas pró-russas na Ucrânia oriental, que foram mediados em 2014 e 2015 pela Rússia, França e Alemanha.
Porém, tanto a Rússia como a Ucrânia se acusaram mutuamente de violarem o acordo.
Esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, questionado se a Rússia compreendia que estava a ser "enganada" por causa dos acordos de Minsk, respondeu: "Com o tempo, é claro, tornou-se óbvio".
"E, uma vez mais, o presidente Putin e os nossos outros representantes não paravam de dizer isso", referiu ainda Peskov, que acrescentou: "Mas tudo isto foi ignorado pelos outros participantes do processo de negociação".
"Tudo isto é precisamente o precursor da operação militar especial", explicou ainda o porta-voz do Kremlin.
Recorde-se que, na sexta-feira, Vladimir Putin foi questionado acerca das observações da ex-chanceler alemã, Angela Merkel, uma das patrocinadoras dos acordos - que disse, numa entrevista publicada na quarta-feira à revista alemã Zeit, que o acordo de 2014 tinha sido "uma tentativa de dar tempo à Ucrânia".
Os media russos, bem como os políticos do país, levaram as declarações bastante a peito, considerando que se tinham tratado de uma traição por parte da antiga chanceler.
Leia Também: Primeiro-ministro ucraniano pede mais ajuda para combater ataques russos