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ACNUR confirma "grande mudança no acesso humanitário" no norte da Etiópia

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou "uma grande mudança no acesso humanitário" no norte da Etiópia após o acordo de cessar-fogo entre o Governo e a Frente Popular de Libertação do Tigray.

ACNUR confirma "grande mudança no acesso humanitário" no norte da Etiópia
Notícias ao Minuto

16:12 - 09/12/22 por Lusa

Mundo Etiópia

"Desde a assinatura do acordo de paz assistimos a uma grande mudança no acesso humanitário e na nossa capacidade de transferir assistência crucial para Tigray", disse o representante do ACNUR na Etiópia, Mamadou Dian Balde, acrescentando que até agora foram enviados 61 camiões com 2.400 toneladas de ajuda, incluindo medicamentos, material de abrigo, cobertores, bens domésticos e 20.000 litros de combustível.

Dian Balde sublinhou que "embora as equipas do ACNUR tenham permanecido no Tigray durante todo este tempo, operando a partir de Mekelle e Shire, retomaram agora as operações a partir de locais secundários como Maichew, Adigray e Abi Adi", ao mesmo tempo que afirmou que "trabalhando com o Serviço de Refugiados e Regressos (RRS) do Governo etíope, conseguiram ajudar mais de 7.000 refugiados eritreus que ficaram presos nos campos de Ai Aini e Adi Harush no Tigray ocidental".

"Foram deslocados para o recém estabelecido campo de Alemwach na região de Amhara, onde vivem atualmente mais de 22.000 refugiados e requerentes de asilo eritreus", disse Balde, que observou que a agência também apoiou "a deslocalização voluntária de mais de 900 refugiados eritreus" para a região de Afar, também localizada no norte do país africano.

O representante alertou, contudo que "viver em condições mais seguras e mais humanas é apenas um passo no fornecimento de soluções para os refugiados que ficaram presos em ciclos viciosos de deslocação" e lamentou que "as condições para os refugiados eritreus em Tigray tenham sido duras durante a maior parte do conflito".

"O que eles precisam e merecem agora é um apoio contínuo e coordenado para que possam reconstruir as suas vidas e ficar em pé, enquanto aguardam soluções duradouras", acrescentou.

Balde disse, ainda, que "o ACNUR está a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades locais do norte da Etiópia para apoiar os etíopes deslocados pelo conflito" e que, entre janeiro e outubro, foi prestada assistência a mais de 2,1 milhões de pessoas deslocadas internamente.

"Também fornecemos aconselhamento e apoio aos mais vulneráveis, incluindo crianças separadas [das suas famílias] e outras com necessidades específicas e sobreviventes da violência baseada no género", explicou.

A este respeito, salientou que "há ainda muito a fazer" e que "o ACNUR continua a defender condições mais favoráveis nas regiões afetadas, incluindo a restauração de serviços críticos como os bancos e as telecomunicações para poder funcionar de forma mais eficaz e eficiente".

"A recente reconexão da capital do Tigray, Mekelle, à rede elétrica nacional e o reinício dos serviços telefónicos em Shire são passos a aplaudir. Mais voos regulares em Tigray e regiões adjacentes ajudar-nos-iam a alcançar os mais vulneráveis, para fornecermos assistência, proteção e soluções tão necessárias. Exortamos a comunidade internacional a manter o seu apoio financeiro. A porta para a tão necessária assistência humanitária está aberta. Temos de ter os recursos para o entregar", reiterou Balde.

O conflito em Tigray estalou em novembro de 2020 na sequência de um ataque da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) à base principal do exército, em Mekelle.

Face ao assalto, o Governo do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas, incluindo a recusa da TPLF em reconhecer um adiamento das eleições e a sua decisão de realizar eleições regionais fora de Adis Abeba.

A TPLF acusa Ahmed de alimentar tensões desde que chegou ao poder em abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo a tomar posse. Até então, a TPLF tinha sido a força dominante no seio da coligação governante da Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), de base étnica.

O grupo opôs-se às reformas de Abiy Ahmed, que as considerou como uma tentativa de minar a sua influência.

Leia Também: Etiópia e Sudão acordam resolução pacífica de tensões na fronteira

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