"O Ministério Público deve se ocupar de crimes verdadeiros e não de encenações humorísticas", lê-se no título de um boletim do CDD, notando que a sátira "caiu mal no Estado, particularmente no Ministério Público" em Chimoio, centro do país, "que encontrou evidências de calúnia e difamação contra o Estado".
O boletim lança um apelo à procuradoria: o CDD diz que "a sociedade espera respostas ao crime que assola o país, incluindo a violação de direitos humanos, e a grande corrupção que corrói o Estado".
Os gabinetes de combate à corrupção de Moçambique deduziram acusação contra 59 agentes da polícia no primeiro trimestre deste ano, números que o CDD recorda no boletim para reforçar a pertinência da sátira que está a ser julgada.
"A Polícia de Trânsito tornou-se no rosto mais visível da corrupção endémica que dilacera o país", conclui o CDD.
A Procuradoria Distrital de Chimoio moveu um processo por causa de um vídeo em que um grupo de crianças brinca com a corrupção na polícia, simulando uma operação 'stop' em que agentes com fome inventam multas disparatadas para ficarem com os iogurtes do condutor.
Em tribunal, em 29 de novembro, o Ministério Público disse haver indícios de difamação, mas após uma onda de contestação, anunciou que o único arguido no processo é um jovem que terá exposto crianças a perigo, ao colaborar numa filmagem junto a automóveis.
O CDD considera a justificação "ridícula".
Entretanto, o julgamento vai ser retomado em 27 de dezembro com a projeção do vídeo na sala de audiências do Tribunal do Chimoio com um perito para que se possa verificar qual a real situação das crianças em cena.
Leia Também: Défice das contas públicas de Cabo Verde mantém descida até outubro