Clima. UE crê que vai resolver problemas face a protecionismo dos EUA
A vice-presidente executiva da Comissão Europeia (CE) manifestou hoje confiança de que o bloco vai "resolver" os seus problemas com os Estados Unidos, devido ao grande plano climático de Joe Biden, que privilegia os produtos "made in USA".

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"Podemos consertar as coisas que nos preocupam. Já mostramos isso no passado e mostraremos novamente agora", destacou Margrethe Vestager, após uma reunião com autoridades norte-americanas no âmbito do Conselho de Comércio e Tecnologia (TTC, em inglês) entre as duas potências, que decorreu hoje na Universidade de Maryland (EUA).
A comissária europeia para a Era Digital salientou ainda que o mais importante é que os norte-americanos "querem lutar contra as alterações climáticas".
Também o comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, garantiu que saíram do encontro com os parceiros norte-americanos "um pouco mais otimistas do que quando entraram", embora tenha deixado claro que ainda há muito trabalho pela frente.
A Lei de Redução da Inflação (IRA), uma regulamentação ambiciosa que prevê investimentos milionários em energia verde, tem enfrentado a oposição de várias potências europeias, como França e Alemanha, que argumentam que os seus subsídios para veículos elétricos e componentes "made in USA" significa um bloqueio às empresas da UE do mercado dos EUA, colocando-as em desvantagem.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, mostrou-se na semana passada a favor de uma revisão da lei para procurar acomodar as ambições europeias, durante uma reunião com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron.
No entanto, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, esclareceu posteriormente que Biden não se referia de forma alguma a fazer mudanças no texto, aprovado em agosto por uma maioria democrata muito apertada.
Permanece, ainda assim, a possibilidade de que sejam estabelecidas "exceções" para as empresas europeias, como sugeriu Macron.
Joe Biden pretende, em particular, impulsionar o setor dos veículos elétricos, com o objetivo de aumentar o emprego industrial, a transição energética e a competição tecnológica com a China.
O plano lançado por Joe Biden prevê quase 375 mil milhões de dólares (368,9 mil milhões de euros) em programas climáticos e de energia destinados a ajudar o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 40% até 2030.
Em relação ao ambiente, o projeto de lei injetará quase 375 mil milhões de dólares ao longo da década, o que para os consumidores significa benefícios fiscais para a compra de veículos elétricos.
Na sequência da polémica, a UE e os EUA lançaram um grupo de trabalho específico para tentar resolver estas questões, que continuará a reunir num futuro próximo.
"Prometemos avançar juntos, não às custas um do outro, mas para nosso benefício mútuo", sublinhou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, no final da reunião.
Durante o encontro, o terceiro desde que o TTC foi estabelecido em 2021 entre a UE e os EUA para discutir questões comerciais e tecnológicas, as duas potências concordaram em trabalhar juntas em diferentes áreas-chave para o comércio mundial, como na produção de semicondutores, investigação em Inteligência Artificial ou na promoção de veículos elétricos.
A esse respeito, ambas as partes concordaram em partilhar informações sobre subsídios públicos para a fabrico de semicondutores, a fim de evitar uma corrida por subsídios, e propuseram um acordo sobre um padrão internacional de megawatts para carregar veículos elétricos pesados.
As duas potências também se comprometeram a financiar a ligação de mil escolas públicas e residências na Jamaica à fibra ótica, e lançar um projeto semelhante no Quénia, com o objetivo de promover o acesso gratuito à Internet de acordo com os "valores" ocidentais.
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