Agência cristã pede a Moçambique que liberte piloto norte-americano
A organização cristã de ajuda aérea MAF pediu ao Governo moçambicano que liberte o seu piloto Ryan Koher, norte-americano de 31 anos, detido há um mês quando ia entregar donativos de dois voluntários a um orfanato de Cabo Delgado.
© Twitter/ AlexanderMZ
Mundo Moçambique
"Ryan Koher não fez nada de errado. A mulher e os filhos merecem tê-lo de volta a tempo do Natal", escreveu David Holsten, diretor-executivo da Mission Aviation Fellowship (MAF) num comunicado datado de sexta-feira e consultado hoje pela Lusa.
"Apelo a quem está no poder, tanto em Moçambique como aqui nos EUA, para fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para resolver esta detenção injusta", acrescentou.
A MAF presta apoio aéreo a missões cristãs e humanitárias em todo o mundo e há 23 anos que atua em Moçambique - mais recentemente com o apoio da Ambassador Aviation (parceiro em Moçamique) evacuou zonas atingidas por ciclones e retirou 800 pessoas de Palma, Cabo Delgado, depois do ataque armado por extremistas em março de 2021.
O "missionário" Koher - como é referido, ele e outros membros na página da MAF - foi detido em 04 de novembro no aeroporto de Inhambane ao tratar dos donativos de dois voluntários sul-africanos (W.J. du Plessis, 77, e Eric Dry, 69), precisamente para ajudar Cabo Delgado, detalha a nota.
A ajuda ia ser carregada num avião destinada ao orfanato da Igreja Águas Vivas, no distrito de Balama, naquela província.
"Vitaminas, medicamentos de venda livre e conservantes alimentares despertaram o interesse da polícia", quando a carga passou pela inspeção de segurança, detalha o comunicado, conduzindo à detenção.
A polícia nunca se pronunciou sobre o assunto, nem esclareceu que indícios foram encontrados.
Abílio Macuácua, advogado dos dois sul-africanos, tem referido que os detidos "estão a pagar o preço da filantropia" e que a polícia alega "apoio ao terrorismo" - a MAF indica que apesar de a detenção durar há mais de um mês, não há acusações ou indícios indicados por escrito.
Macuácua criticou hoje o silêncio sobre o seu pedido judicial de liberdade provisória dos clientes, observando que o juiz de instrução criminal devia ter respondido num período de cinco dias, já ultrapassados.
Entretanto, os protocolos de segurança da MAF levaram a que a mulher e as duas crianças do piloto Ryan Koher, que também residiam em Moçambique, regressassem aos Estados Unidos da América (EUA).
"O Ryan é um indivíduo carinhoso e gentil", acrescentou Holsten no comunicado da MAF.
"Nos últimos anos, ele e sua esposa têm trabalhado muito para aprender a língua e a cultura de Moçambique para melhor servir aqueles que confiam no nosso serviço. Compreensivelmente, esta situação tem sido um grande desafio para a família. Nós acreditamos plenamente na inocência de Ryan", concluiu.
O caso está a ser acompanhado pela embaixada norte-americana em Maputo.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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