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Advogado teme pela vida de ex-presidente do parlamento são-tomense

O advogado do ex-presidente do parlamento de São Tomé e Príncipe Delfim Neves, detido hoje na sequência de uma tentativa de golpe de Estado, disse à Lusa temer pela vida do seu cliente, após a morte de quatro suspeitos.

Advogado teme pela vida de ex-presidente do parlamento são-tomense
Notícias ao Minuto

15:12 - 25/11/22 por Lusa

Mundo São Tomé

"Tememos pela vida do Delfim Santiago das Neves", afirmou à Lusa Hamilton Vaz, chefe de uma equipa de advogados do ex-presidente da Assembleia Nacional, que foi detido ao início da manhã pelos militares, na sua casa, tendo sido levado para o quartel militar, onde estava, até ao início da tarde, detido e incontactável.

Hamilton Vaz disse que se encontrava à porta do quartel, na tentativa de ter acesso ao seu cliente, mas viu frustrados todos os expedientes nesse sentido.

Delfim Neves e Arlécio Costa, antigo oficial do 'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma alegada tentativa de golpe de Estado, foram alegadamente identificados como mandantes da tentativa de golpe de Estado ocorrida esta madrugada em São Tomé, quando quatro homens, civis, atacaram o quartel militar, segundo informação divulgada hoje pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, numa conferência de imprensa.

Arlécio Costa e três dos assaltantes morreram, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

Hamilton Vaz afirmou que Delfim Neves está a ser "privado de um direito constitucional que lhe assiste num Estado de Direito", o de ter acesso a defesa.

"Delfim Neves está detido no quartel, sob uma coação psicológica terrível. Não conseguimos aferir se está sob coação física, se está a ser torturado...", comentou o advogado.

Sobre a morte de Arlécio Costa, Hamilton Vaz disse ter visto "imagens horrorosas", que têm circulado nas redes sociais, afirmando que este foi "torturado até à morte".

O advogado criticou ainda o primeiro-ministro, após este ter anunciado, na conferência de imprensa, que Delfim Neves e Arlécio Costa estavam detidos no quartel, com "base em declarações do primeiro grupo de quatro [atacantes], que foi detido e neutralizado".

"É uma declaração muito infeliz do primeiro-ministro. Parece ser ele o próprio investigador do processo. Temos instâncias próprias", referiu Vaz, que sublinhou a sua estranheza por ter sido Patrice Trovoada a anunciar a detenção do "seu principal opositor".

Em declarações à Lusa, um familiar de Delfim Neves relatou que hoje de manhã, entre as 7h30 e as 8h00, "três carrinhas super equipadas com armamento pesado invadiram a propriedade" onde reside o antigo presidente do parlamento, e que este "entrou de forma voluntária" numa das viaturas.

Desde então, nenhum familiar conseguiu voltar a falar com Delfim Neves, adiantou.

A mesma fonte recordou que Delfim Neves goza de imunidade parlamentar. Outra fonte indicou no entanto à Lusa que este suspendeu o mandato e foi substituído no cargo de deputado.

"Queremos saber se a Constituição está suspensa. Se está, faz sentido, não há Estado de Direito democrático", disse, salientando que Delfim Neves tem "direito à resposta e à defesa".

"A família só quer que o processo seja legal e ele possa voltar para casa", afirmou, garantindo que Delfim Neves "nunca fugiu, vai responder aqui e sempre esteve presente no país".

Pelo menos quatro pessoas morreram em São Tomé na sequência da ação, que o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, identificou como "tentativa de golpe de Estado".

Segundo informações divulgadas pelo chefe do Governo, cerca das 0h40 locais (mesma hora em Lisboa), quatro homens, civis, assaltaram o quartel na capital são-tomense, alegadamente com a cumplicidade de militares. Os atacantes fizeram refém o oficial de dia, que ficou gravemente ferido após agressões, mas encontra-se livre de perigo.

O ataque foi neutralizado pouco depois das 6h00, após intervenção dos fuzileiros.

"Não se trata de um roubo, não se trata de um furto. Trata-se de um ataque com armas de guerra às Forças Armadas do país e temos primeiro que resolver esse problema", adiantou hoje de manhã o primeiro-ministro.

O chefe do Governo disse que a "tentativa de golpe" é uma situação "de extrema gravidade", mas assegurou então que "as Forças Armadas têm a situação sob controlo".

Patrice Trovoada pediu "mão firme" da justiça para os responsáveis da tentativa de golpe, depois de ter anunciado a detenção de Delfim Neves e de Arlécio Costa pelos militares.

Líder da Ação Democrática Independente (ADI), Patrice Trovoada assumiu há duas semanas o cargo de primeiro-ministro, pela quarta vez, na sequência da vitória com maioria absoluta nas legislativas de 25 de setembro.

Delfim Neves presidiu ao parlamento são-tomense durante o anterior mandato (2018-2022) e candidatou-se às legislativas de setembro com o recém-criado Basta, tendo sido um dos dois eleitos para o parlamento por este movimento.

[Notícia atualizada às 15h53]

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