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Após 4 anos, oposição participa nas eleições legislativas no Benim

Pela primeira vez, os partidos opositores ao Presidente do Benim, Patrice Talo, foram autorizados a participar nas eleições legislativas de janeiro de 2023, quatro anos após terem sido excluídos da última votação e após manifestações que foram violentamente reprimidas.

Após 4 anos, oposição participa nas eleições legislativas no Benim
Notícias ao Minuto

13:43 - 25/11/22 por Lusa

Mundo Benim

"Já não acreditávamos nisso, mas o Tribunal Constitucional quis poupar o Benim a um novo drama ao aceitar que o nosso partido pudesse finalmente ir às eleições", disse Gandonou Eudes, ativista dos Democratas.

No fim-de-semana passado, sete partidos políticos, incluindo três que afirmam ser da oposição, foram autorizados a participar na sondagem de 08 de janeiro. Inicialmente rejeitada, a candidatura do principal partido da oposição, Les Démocrates, foi aceite in extremis após uma decisão do Tribunal Constitucional.

As últimas eleições legislativas de 2019 terminaram numa espiral de violência que fez vários mortos, cujo número exato permanece desconhecido até aos dias de hoje. A oposição foi proibida de participar nas eleições e os seus apoiantes foram para as ruas do centro do país, um reduto do ex-presidente Thomas Boni Yayi, em que foram violentamente reprimidos.

Apenas dois partidos políticos que apoiam o Presidente, Patrice Talon, foram autorizados a participar nessas eleições. Em 2021, os principais líderes da oposição também não participaram nas eleições presidenciais.

Dois dos principais opositores do Presidente ainda estão na prisão, cumprindo penas longas. A violência voltou então a irromper no centro do país, com manifestantes a exigir uma eleição inclusiva.

"Tentamos colocar o nosso logótipo no boletim de voto em 2019, 2020, 2021, impossível. 2022 estamos no boletim de voto único. Chegou a nossa hora", disse o presidente democrata, Eric Houndété, segunda-feira, durante uma reunião na capital Porto Novo.

"Vocês têm a oportunidade de escolher, para evitar ter um parlamento unicolor, deputados nomeados. A arma do democrata é o seu boletim de voto", afirmou, perante uma multidão de apoiantes.

Para Guy Mitokpè, também deputado e membro dos Democratas, a dança e as "lágrimas de alegria" com o anúncio da autorização da sua candidatura são "a expressão popular de um povo à espera de decidir a favor da justiça, a favor dos oprimidos, e a favor dos que ficam de fora".

Eleito em 2016 e reeleito em 2021, Patrice Talon lançou uma série de reformas políticas e económicas para colocar o seu país na senda do desenvolvimento. Mas esta modernização foi também acompanhada por um grande revés democrático, de acordo com a oposição.

As principais figuras da oposição foram todas processadas. Estão no exílio ou presos, como a antiga ministra da Justiça, Reckya Madougou, condenada a 20 anos de prisão por "terrorismo", e o constitucionalista, Joël Aïvo, condenado a 10 anos de prisão por "conspiração contra a autoridade do Estado" em dezembro de 2021.

A Força Cauris para um Benin Emergente (FCBE) e o Movimento Popular de Libertação (MPL), dois outros grupos da oposição, também participarão nas eleições legislativas. Cada um espera ganhar o maior número possível de lugares no parlamento, que terá 109 membros, incluindo, pelo menos, 24 mulheres, uma por circunscrição eleitoral.

"Se as eleições legislativas forem transparentes, os partidos no poder não terão uma tarefa fácil", adverte o politólogo beninense, Expédit Ologou, para quem, no entanto, "não é plausível dizer que a oposição obterá uma maioria absoluta".

A eleição poderia, no entanto, prejudicar a imagem do Presidente Talon, que é apresentado como "bem sucedido em tudo", disse Ologou.

"Se a oposição conseguir uma quota-parte relativamente grande de lugares, isso significará - ao contrário da comunicação do Presidente - que a sua ação não é excelente", acrescentou.

Contudo, nem toda a oposição participará nestas eleições, já que várias das suas figuras estão no exílio e o seu partido não apresentou uma lista, como é o caso de Sebastien Ajavon - que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2016 e foi condenado à revelia a 25 anos de prisão.

Para Marie Yaya, uma jovem ativista dos Democratas, e ex-aluna do adversário Joël Aïvo, esta eleição não deve fazer "esquecer o destino daqueles que ainda estão a definhar na prisão".

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