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Pai de atirador em discoteca LGBTQ+ aliviado por filho não ser gay

Aaron Brink lamentou as mortes que o filho causou, mas disse que elogiava comportamentos violentos durante a sua educação.

Pai de atirador em discoteca LGBTQ+ aliviado por filho não ser gay

O pai de Anderson Aldrich, o jovem que matou cinco pessoas e feriu outras 25 numa discoteca LGBTQ+ em Colorado Springs, nos Estados Unidos, comentou na quarta-feira os homicídios levados a cabo pelo atirador. Mas a sua primeira reação foi demonstrar alívio por saber que o filho não era homossexual, mas 'apenas' o responsável pelas mortes.

Numa entrevista à televisão local de San Diego CBS8, Aaron Brink defendeu o filho, o direito ao porte de armas e à violência contra a comunidade LGBTQ+, apesar de deixar claro que é contra os ataques com armas de fogo.

"Começaram a contar-me sobre o incidente, um tiroteio com muitas pessoas. E depois descubro que é um bar gay e disse: 'Meu deus, ele é gay?'. Fiquei assustado. E ele não é gay, portanto disse 'ufa'", expressou Brink.

O pai do atirador, que teve uma carreira como ator de filmes pornográficos e lutador de MMA, explicou que a sua família é mórmon (um grupo religioso que defende uma interpretação muito ortodoxa do Cristianismo, ignorando em muitos aspetos a própria Bíblia), pelo que no seu seio familiar "não existe homossexualidade".

Brink esclareceu que lamenta a morte das cinco pessoas no Club Q, o bar LGBTQ+ onde Anderson Aldrich entrou no passado sábado para matar propositadamente pessoas da comunidade queer. O pai do homicida deixou claro que, apesar de ser contra quaisquer comportamentos homossexuais ou direitos para a comunidade LGBTQ+, considera que os homicídios não devem ser desculpados.

"Lamento imenso as vossas perdas. Sem pensar em política, são vidas humanas. Desculpem. Os meus pensamentos estão convosco", disse.

O pai de Anderson Aldrich revelou ainda alguns detalhes da relação difícil com o filho. Segundo Aaron Brink, o jovem mudou de nome para se distanciar do protagonismo do pai na indústria pornográfica e de 'reality shows', e não lhe disse nada durante seis meses.

Brink contou também que elogiava comportamentos violentos de Aldrich, afirmando que o ensinou a lutar quando era novo. "Disse-lhe que comportamentos violentos funcionavam. São instantâneos e trazem resultados imediatos", defendeu. Mas, acrescenta, esta defesa da violência não se estende ao uso de armas de fogo. "Para mim, as armas são as mãos", disse, vincando que acredita no direito ao porte de armas. "As armas são boas".

Os Estados Unidos da América são o país do mundo com mais tiroteios em massa do mundo, muito devido à flexibilidade e facilidade com que uma pessoa pode obter armas de fogo e tê-las na rua ou no carro. Em muitos estados norte-americanos, nomeadamente no Texas, é possível comprar revólveres numa loja, sem qualquer tipo de exame prévio.

O ano de 2022 tem sido particularmente difícil para a comunidade LGBTQ+ nos Estados Unidos, que tem assistido a um aumento da violência física e armada contra pessoas queer. No dia seguinte ao ataque, televisões conservadores como a Fox News continuaram a defender ataques contra a comunidade, especialmente pessoas trans, acusando-as de promoverem pedofilia (algo que tem sido regularmente negado por todas as autoridades competentes. E, em muitos estados, políticos conservadores republicanos têm aprovado leis que limitam os direitos e as atividades de pessoas LGBTQ+, com o Texas a proibir quaisquer tipos de tratamentos para pessoas trans e a Flórida a banir a abordagem de conteúdos LGBTQ+ em escolas e manuais escolares.

Leia Também: Ameaça de bomba e ataque a discoteca gay: O perfil do atirador

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