Numa declaração oficial, o portal da Guarda Revolucionária iraniana adiantou que a vítima mortal é o coronel Davoud Jafari, que operava na divisão aeroespacial da força de elite na Síria, advertindo que Israel vai responder pelo "crime".
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido e que monitoriza a guerra do ponto de vista da oposição ao regime sírio do Presidente Bashar al-Assad, disse que Jafari era um especialista em 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) e em defesa aérea.
O observatório adiantou que Jafari foi morto, tal como o guarda-costas sírio que acompanhava o militar, quando uma bomba atingiu o carro em que seguia nos subúrbios de Sayyida Zeinab, a sul de Damasco.
O guarda-costas teve morte imediata, enquanto o oficial iraniano ainda foi transportado vivo para um hospital próximo, onde acabou por sucumbir aos ferimentos pouco depois de aí chegar, disse o presidente do Observatório, Rami Abdurrahman.
Um funcionário de um grupo apoiado pelo Irão confirmou à agência noticiosa Associated Press (AP) que Jafari foi atingido por uma bomba perto do Aeroporto Internacional de Damasco, a sul da capital.
O funcionário, que solicitou anonimato, indicou que a bomba foi detonada no momento que passava a viatura em que seguia Jafari.
Uma fotografia do suposto ataque a que a AP teve acesso mostra o carro de Jafari crivado de seixos de metal e com o para-brisas estilhaçado.
O Irão tem sido um dos principais apoiantes de Bashar al-Assad durante a guerra civil que há 11 anos se trava na Síria, onde estão envolvidos milhares de soldados iranianos.
Centenas de militares iranianos morreram na guerra, embora Teerão diga desde sempre que desempenha apenas um papel de assessor militar na Síria.
Após Israel ter realizado ataques em agosto de 2019 perto da capital síria, as autoridades israelitas justificaram tal ação com alegações de que estava a impedir um ataque iminente de 'drones' contra Israel pela Força Quds iraniana, uma outra unidade de elite da Guarda Revolucionária.
O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse dias depois que os ataques atingiram um lar de repouso do movimento xiita fundado no Líbano em 1982, marcando um raro reconhecimento de mortes de membros na Síria na sequência de ataques israelitas. Os dois combatentes do Hezbollah então mortos eram especialistas em 'drones'.
Em 2013, uma alto dirigente do Hezbollah, Hassan Lakkis, considerado o mentor do programa de 'drones' do movimento, foi morto a tiro no sul de Beirute.
O Hezbollah responsabilizou também Israel.
As autoridades israelitas têm afirmado no passado que estão a trabalhar para impedir o entrincheiramento do Irão na Síria, especialmente no sul do país, perto dos montes Golã, ocupados por Israel.
Nos últimos anos, Israel lançou centenas de ataques contra alvos em áreas controladas pelo Governo da Síria, mas raramente reconheceu ou discute tais operações.
No entanto, Israel reconheceu que visa bases de grupos militantes aliados do Irão, como o Hezbollah, que também tem enviado milhares de combatentes para apoiar as forças de Bashar al-Assad.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito civil na Síria ganhou, ao longo dos anos, uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.
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