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"Cedo para declarar vitória" sobre queda na pirataria no Golfo da Guiné

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) alertou hoje que "ainda é cedo para declarar vitória" sobre a diminuição de pirataria no Golfo da Guiné, defendendo a criação de melhores condições de vida para as comunidades.

"Cedo para declarar vitória" sobre queda na pirataria no Golfo da Guiné

Num 'briefing' do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly, indicou que a "diminuição substancial" dos incidentes de pirataria e das vítimas no Golfo da Guiné este ano, particularmente por sequestro para resgate, resulta "de muitos anos de trabalho", mas considerou que "ainda é muito cedo para declarar vitória".

A diretora-executiva do UNODC avaliou como "crucial" a necessidade de se abordar as causas profundas da pirataria na região, trabalhando com as comunidades e criando melhores condições de vida.

"As comunidades costeiras da região são as mais vulneráveis ao impacto da pirataria e do crime marítimo, e também enfrentam as difíceis condições que impulsionam essas atividades ilícitas, como a pobreza e o desemprego juvenil", disse Waly.

"Os criminosos no mar devem ser detidos e responsabilizados, mas para garantir uma resposta verdadeiramente sustentável, deve-se prestar a devida atenção às pessoas que se podem tornar tais criminosos, aos fatores que os levam a isso e às pessoas mais afetadas", alertou.

Ghada Waly defendeu a busca por estratégias de prevenção ao crime baseadas na comunidade e no envolvimento com os jovens marginalizados e em situação de risco, para cultivar habilidades pessoais e sociais, prevenir comportamentos de risco e conceder-lhes oportunidades.

Waly aproveitou ainda para referir o crescente alastramento do terrorismo do Sahel para o Golfo da Guiné, como evidenciado pelo número crescente de ataques terroristas, particularmente no Benin, Togo e Costa do Marfim.

Embora não haja provas concretas que sugiram ligações entre terroristas no Sahel e piratas no Golfo da Guiné, o UNODC defende a necessidade de vigilância, para que não sejam minados os ganhos alcançados na região.

No 'briefing' do Conselho de Segurança, a subsecretária-geral das Nações Unidas para a África, Martha Pobee, apresentou ao corpo diplomático o mais recente relatório do secretário-geral sobre pirataria no Golfo da Guiné, datado de 01 de novembro, e observou os progressos recentes na redução dessa ameaça.

Os casos de pirataria e assalto à mão armada no Golfo da Guiné, cujas águas se tornaram nas mais perigosas do mundo nos últimos anos devido aos repetidos ataques e sequestros realizados por piratas, diminuíram de 123 incidentes em 2020 para 45 em 2021.

Esta tendência manteve-se em 2022, com o Centro de Coordenação Inter-regional a relatar um total de 16 incidentes de crime marítimo entre janeiro e junho. Já a Organização Marítima Internacional apontou 13 incidentes de pirataria e assalto à mão armada no mar no Golfo da Guiné no mesmo período, segundo o relatório.

"A redução dos incidentes de pirataria no Golfo da Guiné é sustentada por uma série de fatores, incluindo o impacto positivo das condenações por pirataria na Nigéria e no Togo, bem como os efeitos dissuasores do aumento das patrulhas navais da Marinha da Nigéria, juntamente com a melhoria da cooperação com as contrapartes regionais", advoga o relatório do secretário-geral, António Guterres.

O efeito de dissuasão foi ainda amplificado pelo destacamento de Marinhas não pertencentes ao Golfo da Guiné, nomeadamente de Portugal, Espanha, Dinamarca, França e Itália, bem como as patrulhas regulares das Marinhas do Brasil, Canadá, Índia, Marrocos, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América, aponta o relatório.

Contudo, Martha Pobee alertou que o forte decréscimo da pirataria pode dever-se, em parte, ao facto de os grupos criminosos estarem a optar por novos canais de negócio, como o roubo de petróleo ou a pesca ilegal.

"Grupos piratas estão a adaptar-se às mudanças dinâmicas tanto no mar, quanto nas áreas costeiras", disse.

Pobee apontou ainda que os piratas estão cada vez mais a optar por alternativas como o roubo de petróleo, que provavelmente consideram "menos arriscado e mais lucrativo".

Leia Também: Assembleia-Geral da ONU aprova cooperação com a CPLP

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