Rich Fiero, um veterano do exército norte-americano, estava reunido com amigos e família no Club Q, um bar gay em Colorado Springs, na noite de sábado, quando se apercebeu de que alguém estava a disparar dentro do estabelecimento. Foi nesse momento que os seus instintos de treino militar entraram em ação.
Num relato à Associated Press, Fierro recorda que, primeiro que tudo, para evitar qualquer potencial tiro, baixou-se, tendo depois ido em direção ao atirador para o dominar. "É o reflexo. Vai! Vai parar os tiros. Para a ação. Para a atividade. Não deixes que ninguém fique ferido. Tentei afastar toda a gente", explicou.
Fiero é uma das duas pessoas a quem as autoridades estão a dar crédito pelas vidas salvas ao ter dominado o jovem de 22 anos munido de várias armas que foi responsável pelo tiroteio. Cinco pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas durante o ataque.
O veterano estava no bar com a sua filha Kassy, o namorado desta e vários outros amigos para assistirem a um espetáculo de drag queens e celebrar um aniversário. Disse, à agência, ter sido uma das noites mais agradáveis do grupo. Mas tudo isso mudou quando os tiros começaram a espalhar-se pelo local e o namorado de Kassy, Raymond Green Vance, foi fatalmente baleado.
Em conversa com os jornalistas à porta de casa, na segunda-feira, Fierro ficou com os olhos em lágrimas ao recordar Raymond a sorrir e dançar antes do ataque.
Durante o ataque, conseguiu mover-se em direção ao suspeito e agarrar-lhe o fato, puxando-o para o chão, enquanto gritava para outro cliente, Thomas James, para mover a espingarda para fora de alcance. O atirador ficou imobilizado sob uma enxurrada de murros de Fierro e pontapés na cabeça dados por James, tendo ainda tentado agarrar a arma. Mas Fierro agarrou-a e usou-a como uma moca. "Tentei acabar com ele", admitiu.
Quando um dos artistas do espetáculo de drags passou pelo local a correr, pediu-lhe que pontapeasse o atacante, mas este foi mais longe e enfiou-lhe um dos saltos dos sapatos na cara. "Adoro-os", disse Fiero sobre a comunidade LGBTI+, acrescentando: "Só tenho amor por eles".
Fiero e James conseguiram imobilizar o atacante até as autoridades chegarem. Questionado sobre o ato heroico, o veterano respondeu ser "apenas um tipo de San Diego".
"Há cinco pessoas que não pude ajudar. E um deles era como família para mim", rematou.
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