Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 17º

Acolhimento de migrantes nas cidades debatido em Barcelona

Dezenas de líderes religiosos, associações e organismos políticos apresentaram em Barcelona, Espanha, projetos desenvolvidos em cidades europeias com o objetivo de partilhar soluções para o acolhimento e integração de migrantes e refugiados de diversas origens culturais e religiosas.

Acolhimento de migrantes nas cidades debatido em Barcelona
Notícias ao Minuto

16:31 - 12/11/22 por Lusa

Mundo Migrantes

Um judeu, um cristão e um muçulmano entram numa escola. Segundo a associação francesa "Les Racines de Lendemain" (Raízes do Amanhã), isto não é o início de uma anedota, mas um programa para melhorar a compreensão das diferenças religiosas entre os jovens em Lyon, França, um país onde a educação é laica.

O objetivo, segundo Ruth Ouazana, é que, através do diálogo, os jovens de Lyon possam conhecer melhor as crenças e as origens de cada um, "combater preconceitos e perceber o que os une".

Além do trabalho com jovens, o programa mantém abertas a mesquita, a sinagoga e a catedral para todos os que quiserem conhecer melhor a realidade do vizinho, para que a cidade consiga desenvolver-se incluindo todos os que a habitam.

Este é apenas um das dezenas de projetos apresentados no encontro Centro de Diálogo Internacional -- KAICIID, que reuniu líderes das dezenas de confissões religiosas, responsáveis políticos e associações da sociedade civil para partilharem as formas como procuram integrar nas cidades europeias as diferenças e criarem redes e parcerias para acolhimento, e que decorreu até sexta-feira em Barcelona, cidade banhada pelo mar Mediterrâneo, onde anualmente centenas de pessoas perdem a vida a tentar alcançar a Europa.

O encontro teve como principais temas o papel que as cidades têm no desenvolvimento de políticas de integração de todos os seus habitantes, tendo em conta a gestão das suas expectativas e diferenças, mas também a contribuição de meios de comunicação e organizações culturais no combate ao discurso de ódio, às generalizações e aos estereótipos.

A educação dos cidadãos de todas as idades para as diferenças e o conhecimento da cultura e dos contextos foi considerada uma das formas mais importantes de integração e mudar mentalidades.

Foi destacado que as cidades são um nível político que consegue controlar melhor o preconceito entre as comunidades, pelo que precisam de reforçar a sua resiliência, porque têm de estar preparadas para qualquer situação, seja uma pandemia, um terramoto ou a chegada de grandes vagas de pessoas, porque os imigrantes não vêm por pouco tempo. Vêm para ficar e trazem competências que podem ser uma oportunidade.

É isso que, segundo Forward Maisokwadzo, a cidade de Bristol, no Reino Unido, está a fazer desde que, há oito meses, começou a receber vagas de refugiados da guerra na Ucrânia, quando já era destino de grande número de migrantes de várias origens, sobretudo de África, mas também de comunidades asiáticas.

Segundo Maisokwadzo, conselheiro do 'mayor' (autarca) para a inclusão, em Bristol aproveitou-se a onda de solidariedade para com os refugiados ucranianos para criar 'hubs', espaços a que todos os refugiados e migrantes de outras cores e continentes podem recorrer.

Associações, cidadãos de várias origens, confissões religiosas juntaram-se para acolher os refugiados ucranianos e, como o dinheiro não era o problema, Bristol decidiu estender a ajuda a todos os outros migrantes.

"Os ucranianos tinham suporte, os sírios, afegãos e africanos não, então começámos com os ucranianos para acolher todos os outros. Em momentos de crise, também as pessoas locais podem recorrer aos 'hubs' para procurar comida ou por serem vítimas de violência doméstica" ou outra razão, disse.

Estes locais encaminham para o ensino da língua, ajuda na legalização, na procura de um emprego, ajuda com saúde e psicológica, entre outras, e "estão a mudar mentalidades", a esbater diferenças e a "dar voz aos refugiados".

"É precisa a colaboração de quem está nos centros de poder para mudar o sistema", considerou.

Sónia Pereira, Alta-Comissária portuguesa para as migrações, destacou que várias entidades têm trabalhado para dar dignidade aos migrantes que procuram Portugal, tendo em conta as aspirações e as competências, um trabalho complexo, porque mesmo pessoas oriundas do mesmo país pertencem muitas vezes a grupos diferentes.

Segundo a responsável, a oferta do país nem sempre corresponde às expectativas de quem chega: "Neste momento nós temos ofertas de trabalho em todo o país e, por vezes, essa possibilidade de não ficar a viver em Lisboa para alguns migrantes pode ser mais complicada, mas de facto é uma necessidade nacional" disse, salientando que as oportunidades existem em várias cidades.

Participantes no "4.º Fórum Europeu de Diálogo Político", sob o tema "Inclusão Social nas Cidades" defenderam também iniciativas para combater o discurso de ódio, exortaram os órgãos de comunicação social a aplicarem rigorosamente códigos éticos de conduta quando se referem a refugiados, migrantes ou pessoas de religiões minoritárias e também preparação de políticos, funcionários públicos e polícias sobre como lidar com situações de discursos de ódio.

O encontro foi uma iniciativa do Centro de Diálogo Internacional -- KAICIID, do Observatório de Media, Cultura e Religião de Blanquerna e da plataforma Network for Dialogue.

Leia Também: Portugal saúda França e vai acolher "alguns migrantes" do 'Ocean Viking'

Recomendados para si

;
Campo obrigatório