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"Acordo com Putin é bilhete de ida para mundo onde lei não é válida"

O conselheiro do Presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, defendeu hoje que negociar a paz com o atual Presidente russo, Vladimir Putin, significa viver num mundo onde o direito internacional já não é válido.

"Acordo com Putin é bilhete de ida para mundo onde lei não é válida"
Notícias ao Minuto

23:46 - 08/11/22 por Lusa

Mundo Podolyak

"Um acordo com Putin é um bilhete de ida para um mundo onde a lei internacional não é mais válida, onde a lei é determinada pela força e a força é a arma nuclear", realçou Podolyak, em entrevista ao La Repubblica

O assessor do chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, questionou também o porquê de se "pagar esse preço se Putin não desiste do objetivo" de destruir a Ucrânia.

"O cessar-fogo para a Rússia é uma pausa tática para reforço. Vale a pena fazer esse favor a Moscovo?", frisou, de acordo com uma transcrição com excertos da entrevista, divulgada no 'site' da presidência da Ucrânia.

Para Mykhailo Podolyak, o diálogo com a Federação Rússia será possível "quando o Exército russo deixar o território ucraniano".

O conselheiro presidencial observou ainda que "cada sucesso militar e cada metro de terra libertada fortalece a Ucrânia".

Mykhailo Podolyak enfatizou que não existe um consenso entre os líderes dos países ocidentais sobre a questão da destituição do presidente da Federação Russa, mas alertou qualquer acordo com o atual líder russo levará à perda dos territórios da Ucrânia e ao fortalecimento da outras autocracias.

Questionado sobre se a Ucrânia manteria o combate caso os países ocidentais recusassem nova ajuda militar, Podolyak frisou que os ucranianos não têm escolha.

"Pergunte aos ucranianos. Aqueles cujas casas foram atingidas por mísseis russos. Aqueles cujos entes queridos foram mortos ou violados. Pergunte a quem vai ficar aqui no inverno, sabendo que a Rússia tentará privar-nos de luz, água e comunicação. Pergunte, a olhar essas pessoas nos olhos", sublinhou.

"Se deixarmos de nos defender, deixamos de existir. Literalmente. Fisicamente. Continuaremos a lutar, mesmo que nos apunhalem pelas costas", acrescentou.

Sobre as alegadas negociações entre representantes do Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono) e o Ministério de Defesa da Federação russa, Mykhailo Podolyak apelou para que se evitem especulações.

"As forças armadas de ambos os países podem comunicar entre si, até mesmo para receber avisos sobre as consequências do uso de armas de destruição em massa. Mas não há negociações entre a Rússia e os países ocidentais sobre a Ucrânia. Nenhuma parte poderá garantir a implementação de acordos sem o aval do povo ucraniano", garantiu o conselheiro de Zelensky.

A Rússia negou hoje a existência de negociações com os Estados Unidos sobre a Ucrânia, numa declaração do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrei Rudenko, depois de um porta-voz oficial ter admitido "contactos pontuais" sobre questões de interesse comum.

Da parte dos Estados Unidos da América (EUA), a existência desses contactos foi confirmada na segunda-feira pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Segundo os meios de comunicação norte-americanos, trata-se de conversações específicas para evitar uma escalada militar entre os dois países e não para negociar a paz na Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: AO MINUTO: Negociar? "Sob as condições de Kyiv"; Rússia defende Mariupol

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