Jornalista iraniana detida após entrevistar o pai de Mahsa Amini

"O pai de Mahsa Amini: Eles estão a mentir!" é o título do artigo, publicado no site Mostaghel a 19 de outubro, que motivou a intervenção do regime iraniano contra Nazila Maroufian.

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Ema Gil Pires
04/11/2022 17:23 ‧ 04/11/2022 por Ema Gil Pires

Mundo

Mahsa Amini

Nazila Maroufian, jornalista iraniana que trabalha para o site de notícias Ruydad 24, foi detida no domingo, após ter realizado uma entrevista ao pai de Mahsa Amini, jovem que morreu, a 16 de setembro, após ter sido detida pela polícia da moralidade em Teerão pelo uso incorreto do hijab.

"O pai de Mahsa Amini: Eles estão a mentir!" é o título do artigo, publicado no site Mostaghel a 19 de outubro, que motivou a intervenção do regime iraniano contra a jornalista natural de Saghez, na província iraniana do Curdistão (tal como Mahsa Amini), reporta o Le Parisien.

O site em causa viria, depois, a retirar o texto da sua plataforma, que contraria a explicação dada pelas autoridades iranianas de que a morte da sua filha se deveu a problemas de saúde.

A jornalista foi detida quando se encontrava na casa de familiares, tendo depois sido transferida para a prisão de Evin, em Teerão, de acordo com a informação avançada pela organização não-governamental norueguesa Hengaw, que cita uma chamada telefónica tida com a família de Nazila Maroufian.

"Não tenho intenção de cometer suicídio e não tenho nenhuma doença subjacente", escreveu ainda a jornalista antes do momento da detenção, fazendo uma referência direta aos riscos que sabia estar a correr por publicar a peça jornalística que teve como principal fonte o pai de Mahsa Amini.

Recorde-se que, para além de Nazila Maroufian, as duas jornalistas que ajudaram, inicialmente, a divulgar o caso de Mahsa Amini estão também detidas na prisão de Evin.

Uma delas é Niloufar Hamedi, de 30 anos, que trabalha para o jornal Shargh. Foi detida no dia 20 de setembro, segundo fontes familiares, depois de ter visitado o hospital onde a jovem curda esteve em coma antes de perder a vida.

Por sua vez, Elaheh Mohammadi, de 35 anos, deslocou-se a Saghez para cobrir o funeral de Mahsa Amini, onde teve lugar uma das primeiras manifestações desta vaga de protestos. A repórter do diário Ham Mihan viria a ser detida a 29 de setembro.

De acordo com o Comité de Proteção dos Jornalistas sediado em Nova Iorque, as detenções recentes de jornalistas no Irão não se ficam por aqui. Na verdade, as contabilizações desta entidade dão conta de que 54 jornalistas foram presos pelas autoridades iranianas durante a sua tentativa de repressão destes violentos protestos, que duram já há quase dois meses e que provocaram centenas de mortos. Desde então, apenas uma dúzia destes profissionais foi libertada sob fiança.

Mahsa Amini tinha sido detida pela polícia da moralidade por não cumprir o rigoroso código de vestuário imposto às mulheres iranianas.

Leia Também: Governos do Irão e Alemanha convocam embaixadores em contexto de tensão

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