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UE desafia América Latina a uma reaproximação para enfrentar desafios

A União Europeia defendeu quinta-feira uma reaproximação com a América Latina, numa fase em que estas regiões enfrentam as consequências da guerra na Ucrânia ou o pós-pandemia, enquanto os latino-americanos apelaram à ajuda dos europeus no combate às desigualdades.

UE desafia América Latina a uma reaproximação para enfrentar desafios
Notícias ao Minuto

06:35 - 28/10/22 por Lusa

Mundo União Europeia

O Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, realçou a "complementaridade entre as duas regiões" no início da reunião conjunta de chanceleres da União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (UE-CELAC).

"Espero que nestes dias possamos relançar uma relação baseada em sólidas raízes históricas e culturais, mas que tenha que ser projetada no futuro para enfrentar conjuntamente os desafios conjuntos que temos", realçou Borrell, em declarações aos jornalistas.

O encontro que junta 60 países destas duas regiões, onde participa o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, procura discutir os desafios comuns, quer a guerra na Ucrânia, mas também a desigualdade social causada pela pandemia de covid-19.

Josep Borrell lembrou as tarefas que se avizinham após a pandemia, que tem "causado enorme turbulência" em termos de mortes, encerramento de escolas e perda de crescimento económico.

"Infelizmente, a América Latina e as Caraíbas são uma das regiões mais afetadas", apontou.

O chefe da diplomacia da UE destacou também o "golpe devastador" causado pela invasão russa da Ucrânia, quer pela crise humanitária, alimentar e energética, que se estão a fazer sentir "em todos os cantos do planeta", mas também a desaceleração do crescimento e a alta inflação.

Borrell alertou também que as sociedades democráticas e inclusivas "estão a ser ameaçadas", lembrando ainda o problema da emergência climática.

O diplomata espanhol focou ainda quatro linhas de trabalho: intensificar o diálogo político ao mais alto nível; modernizar e completar a rede de acordos e associações comerciais já existentes; procurar alianças na revolução digital, no desenvolvimento económico e contra a desigualdade e as mudanças climáticas e colaborar na promoção da paz, da democracia e dos direitos humanos.

Em matéria comercial, o alto representante europeu tem defendido uma maior abertura da região em matéria comercial, pois "ainda está muito fechada e pouco integrada", insistindo no interesse que a região desperta entre as empresas europeias, que têm um stock acumulado de 800.000 milhões de euros, e lembrando que a UE tem investido na América Latina "mais do que na China, Japão, Rússia e Índia juntos".

Por isso, Borrell apelou também ao "desbloquear das negociações" sobre o acordo Mercosul-UE, considerando que poderia ser muito benéfico para as duas regiões, lembrando que o acordo assinado em 2019 não foi "concluído em todos os seus detalhes" e que agora a questão ambiental deve "colocá-lo na mesa e esclarecê-lo".

O Brasil, chave nas questões ambientais para este acordo, não está presente no encontro, depois de ter deixado a CELAC em 2020 por decisão do Governo de Jair Bolsonaro, que considerou que o grupo apoia "regimes não democráticos como Cuba, Venezuela e Nicarágua".

Por seu lado, o Presidente argentino, Alberto Fernández, realçou na abertura do encontro que reúne 60 países as diferenças entre as regiões, referindo que a América Latina e as Caraíbas são "o continente mais desigual do mundo".

"Temos que pensar, para trabalharmos juntos, que vivemos em realidades muito diferentes e, na verdade, percebemos um estado de injustiça muito grande na América Latina e não podemos estar em paz com as nossas consciências enquanto essa desigualdade existir", sublinhou o anfitrião do encontro.

Para Alberto Fernández, a Europa tem "claramente" que ajudar a região latino-americana a alcançar o desenvolvimento, pois se o ponto de partida não for compreendido, "todo encontro será uma quimera" e "inútil".

Num longo discurso de abertura, o chefe de Estado argentino também enfatizou "a lacuna entre os dois mundos" no campo climático, já que os países latino-americanos são os que "menos" causaram danos ao planeta e ainda, por exemplo, as Caraíbas sofrem com as mudanças diárias dos efeitos climáticos enquanto "mundo central vira as costas".

Numa referência indireta às eleições de domingo no Brasil, que opõem o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), Alberto Fernández exigiu também que a democracia seja respeitada e que os processos eleitorais que estão em andamento na América Latina não sejam "distorcidos".

O governante argentino defendeu ainda que a população seja "muito dura" com os "cultistas do ódio" que atualmente "têm muita facilidade para espalhar o seu sermão".

Leia Também: Acordo com Mercosul? Borell espera proposta da UE antes de 2023

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