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Voto de Le Pen é "ato político inteligente" contra direita conservadora

O partido de Marine Le Pen aprovou esta semana uma moção de censura da esquerda francesa contra o Governo, uma estratégia que para um analista ouvido pela Lusa "surpreendeu" os seus adversários e visa fragilizar a direita conversadora.

Voto de Le Pen é "ato político inteligente" contra direita conservadora
Notícias ao Minuto

11:24 - 27/10/22 por Lusa

Mundo França

um ato político inteligente que marginaliza completamente Os Republicanos, o objetivo de Marine Le Pen é ser a líder do grupo político na Assembleia Nacional que encarna a oposição a Emmanuel Macron e mesmo para além disso", disse Jean-Yves Camus, co-diretor do Observatório dos Radicalismos Político, em declarações à Agência Lusa.

Este investigador acompanha há quase 40 anos a União Nacional, anteriormente conhecida como Frente Nacional, e diz que este foi um "golpe político que surpreendeu" os seus adversários na Assembleia Nacional. 

"Foi um golpe político que surpreendeu, desde logo, os seus adversários, o que é muito bom para ela, mas coloca uma questão crucial: como é que a direita conservadora 'mainstream' pode existir sem Marine Le Pen. Por enquanto, não pode", avisou o investigador.

O Governo anunciou que usaria o artigo 49.3 da Constituição e, desde logo, a coligação de esquerda Nova União Ecológica e Social Popular (NUPES) anunciou uma moção de censura, seguida pela União Nacional, que disse que apresentaria outra em seu nome. O partido de direita Os Republicanos preferiu não apresentar qualquer moção de censura.

Antes do início das votações, Marine Le Pen anunciou que os seus 89 deputados iam votar positivamente a moção de censura da NUPES, algo inédito, já que isto significa que a extrema-direita votaria ao lado deste grupo de esquerda, constituído pela extrema-esquerda de Jean-Luc Melenchon, os ecologistas, os comunistas e os socialistas.

A moção da NUPES obteve assim 249 votos, ainda longe dos 289 necessários para derrubar o Governo de Elisabeth Borne, mas a manobra deixa muitas interrogações sobre o papel da direita, levando mesmo Nicolas Sarkozy, que nos últimos anos se afastou d'Os Republicanos, a voltar à ribalta e a dizer que o seu partido "não é compatível com as ideias de Emmanuel Macron".

"Marine Le Pen quis marginalizar a direita, o seu objetivo nunca foi aliar-se com a direita. Há demasiadas diferenças entre Os Republicanos e a União Nacional, nunca será uma união. Os eleitorados são demasiado heterogéneos e não vejo como o eleitorado popular de Marine Le Pen e o eleitorado de classe alta e reformados d'Os Republicanos se poderiam misturar", indicou Jean-Yves Camus.

Já Emmanuel Macron, em entrevista na quarta-feira à televisão pública francesa, preferiu atacar a esquerda, dizendo que a NUPES está lado "da desordem e do cinismo".

"Pensam que os nossos compatriotas que votaram por um deputado socialista ou ecologista votaram na coligação de esquerda para que eles constituíssem uma maioria com os deputados da União Nacional? Eles estão do lado da desordem e do cinismo", argumentou o Presidente Emmanuel Macron.

O Governo vai continuar esta semana a utilizar o artigo 49.3 que lhe permite passar sem voto na Assembleia Nacional as leis do Orçamento, assim como as leis de financiamento da segurança social e ainda outra lei por sessão legislativa à escolha do Executivo, com muitos franceses a recearem que esta vantagem seja usada para aprovar a reforma do sistema de pensões que deverá ir a votos até ao final do ano.

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