"As forças de segurança dispararam gás lacrimogéneo e abriram fogo contra as pessoas na Praça Zindan de Saghez", relatou o grupo de direitos dos curdos Hengaw, sediado na Noruega, no Twitter.
Desafiando um aparelho de segurança reforçado e a gritar "mulher, vida, liberdade" ou "morte ao ditador", uma multidão de homens e mulheres reuniu-se desde cedo em torno do túmulo da jovem no cemitério de Aichi, em Saghez, a cidade natal de Mahsa Amini, no Curdistão, no oeste do Irão, segundo vídeos publicados nas redes sociais.
A curda iraniana de 22 anos morreu no dia 16 de setembro, três dias após a sua detenção pela polícia de moralidade em Teerão, onde estava a visitar o irmão mais novo, acusada de violar o rígido código de vestuário da República Islâmica, que exige que as mulheres usem o véu.
A sua morte provocou a maior onda de protesto em três anos em todo o Irão.
Hoje, o 40.º dia após a morte de Mahsa Amini, marcou o fim do tradicional período de luto do Irão.
Na noite de terça-feira, as autoridades reforçaram o seu dispositivo em Saghez, mobilizando forças numa praça central e o acesso à cidade foi limitado.
De acordo com ativistas dos direitos humanos, as forças de segurança tinham advertido os pais da jovem contra a realização de uma cerimónia de homenagem na sua sepultura, chegando a ameaçar "a vida do filho".
Apesar disso, as pessoas começaram na madrugada de quarta-feira a chegar ao cemitério, onde, oficialmente, segundo a agência de notícias iraniana Fars, se terão reunido cerca de 2.000 pessoas, mas imagens publicadas 'online' por ativistas e defensores dos direitos humanos mostraram grandes multidões.
Novos protestos estavam a decorrer noutros pontos do Irão, incluindo em universidades de Teerão, Mashhad, no nordeste, e Ahvaz, no sudoeste, segundo o jornal 'online' 1500tasvir, que relata os abusos dos direitos humanos atribuídos às forças de segurança.
A repressão dos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini já deixou pelo menos 141 mortos, incluindo pelo menos 23 crianças, segundo um novo número revelado terça-feira pela ONG iraniana de Direitos Humanos (IHR), com sede em Oslo.
Hoje, o Irão anunciou sanções contra indivíduos, instituições e órgãos de comunicação social da União Europeia, em resposta às medidas punitivas impostas por Bruxelas contra os líderes iranianos e a polícia de moralidade.
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