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Embaixador acusa Rússia de preparar "desastre de grande escala"

O embaixador ucraniano junto à ONU acusou hoje a Rússia de estar a preparar terreno para um "desastre de grande escala" no sul da Ucrânia, ao minar a barragem de Kakhovka, uma das maiores centrais energia do país.

Embaixador acusa Rússia de preparar "desastre de grande escala"
Notícias ao Minuto

23:38 - 21/10/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Ucrânia, o diplomata ucraniano, Sergíy Kyslytsya, indicou que a barragem em causa tem cerca de 18 milhões de metros cúbicos de água, pelo que se os russos fizerem essas instalações explodir, "mais de 80 assentamentos, incluindo Kherson, com centenas de milhares de pessoas que lá residem, estarão numa área de rápida inundação".

"O abastecimento de água de grande parte do sul da Ucrânia pode ser destruído. Esse ataque terrorista russo pode deixar a central nuclear de Zaporijia sem água para resfriamento, pois essa água é retirada do reservatório de Kakhovka", alertou.

Nesse sentido, Kyslytsya considerou ser necessária uma missão de observação internacional dirigida à central hidroelétrica de Kakhovka.

"Também é necessário garantir a desminagem imediata e profissional da própria barragem", acrescentou.

Enquanto o diplomata ucraniano discursava, o embaixador russo junto da ONU, Vasily Nebenzya, abandonou a sala do Conselho de Segurança.

"O embaixador russo acabou de sair da sala. Lamento que o Conselho de Segurança ainda ouça este representante russo. Ele espalha mentiras, atrás de mentiras, em todas as sessões, desde que a guerra começou", afirmou Kyslytsya, apresentando ao corpo diplomático presente na reunião uma série de declarações feitas pelo embaixador russo ao longo de vários encontros do Conselho, em que garantia que o objetivo da invasão da Ucrânia não era tomar o território ucraniano.

A reunião de hoje foi convocada pela França e pelo México, e concentrou-se na proteção de civis e infraestrutura crítica na Ucrânia.

A subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, Rosemary DiCarlo, e a coordenadora Humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown, fizeram um ponto da situação no terreno.

DiCarlo, citando dados do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, indicou que, desde 24 de fevereiro, a guerra já fez 15.956 vítimas civis: 6.322 mortos e 9.634 feridos.

"Num desenvolvimento recente, a Rússia lançou uma série de ataques contra cidades e vilas de todo o país, atingindo infraestruturas críticas. (...) Além da perda imediata de vidas, as Nações Unidas estão gravemente preocupadas com a destruição de infraestruturas, como centrais de energia", disse DiCarlo.

"A ONU continua a apoiar todos os esforços de responsabilização. Por seu lado, a Comissão Internacional Independente de Inquérito da Ucrânia apresentou o seu relatório à Assembleia-Geral esta semana. O documento afirma que há motivos razoáveis para concluir que crimes de guerra e violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional são cometidos na Ucrânia desde 24 de fevereiro", frisou a subsecretária-geral.

A Comissão afirmou que as tropas russas são responsáveis pela maioria das violações identificadas.

Além disso, a Comissão documentou padrões de execuções sumárias, confinamento ilegal, tortura, maus-tratos, violações sexuais e outras violências cometidas em áreas ocupadas por forças armadas russas.

"O impacto destas violações sobre o povo na Ucrânia é imenso e também a necessidade de responsabilização. Não devemos deixar que a impunidade prevaleça", sublinhou DiCarlo.

Já Denise Brown destacou que a "profundidade da catástrofe humanitária na Ucrânia é impressionante": "Quase 18 milhões de pessoas -- mais de 40% de toda a população ucraniana -- precisam de assistência humanitária".

Por sua vez, o embaixador russo criticou o facto de não ver as Nações Unidas a se posicionar sobre o ataque à ponte da Crimeia, uma explosão que Moscovo descreveu como um "ataque terrorista" ucraniano.

Já o embaixador francês, Nicolas de Rivière, avaliou que a Rússia "já nem sequer tenta esconder os crimes que comete".

Outro dos temas abordados no encontro foi o suposto uso de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) iranianos pelo Kremlin na Ucrânia.

"Desde o início da invasão, a Rússia mostrou desprezo por este Conselho. Isso continua com evidências de que -- desde agosto e em violação da Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU -- o Irão transferiu drones das séries Mohajer e Shahed para a Rússia", disse o embaixador norte-americano Jeffrey DeLaurentis.

Esse drones de origem iraniana, segundo DeLaurentis, foram posteriormente usados em vários ataques contra a Ucrânia, incluindo nos ataques de 10 de outubro que atingiram civis e infraestrutura civil.

"Além dos restos facilmente identificáveis desses drones recuperados na Ucrânia, há documentação significativa disponível publicamente, incluindo fotografias e vídeos, desses drones a serem usados contra a Ucrânia", afirmou o norte-americano.

Na quarta-feira, a Rússia ameaçou reconsiderar a continuidade da sua cooperação com o secretário-geral da ONU, António Guterres, caso a organização envie à Ucrânia uma missão para inspecionar a utilização de 'drones' iranianos na guerra.

"A ONU deve investigar quaisquer violações das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. E não devemos permitir que a Rússia ou outros impeçam ou ameacem a ONU de cumprir suas responsabilidades mandatadas", frisou Jeffrey DeLaurentis.

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