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Mais de 72% dos cubanos vive abaixo do limiar da pobreza

Mais de 72% dos cubanos vive abaixo do limiar da pobreza e apenas 14% acredita que a sua situação pessoal irá melhorar num futuro próximo, indica um relatório sobre o estado dos direitos sociais em Cuba hoje divulgado.

Mais de 72% dos cubanos vive abaixo do limiar da pobreza
Notícias ao Minuto

14:07 - 20/10/22 por Lusa

Mundo Cuba

No relatório, hoje conhecido em Madrid, o Observatório Cubano dos Direito Humanos (OCDH) refere que as conclusões da investigação foram baseadas em 1.227 entrevistas pessoais em 59 municípios das 16 províncias de Cuba.

"[O relatório] confirma a deterioração crescente dos direitos sociais na ilha, devido às sucessivas crises estruturais e à falta de vontade política das autoridades para proceder às mudanças que o país precisa", salienta o Observatório.

Em relação ao limiar de pobreza, o estudo tem por base os padrões do Banco Mundial (BM), que o coloca em 1,90 dólares/dia (1,94 euros/dia). No final de setembro, o dólar norte-americano ultrapassou os 180 pesos cubanos.

O relatório destaca também que, para 64% dos cubanos, a crise alimentar continua a ser o principal problema, seguido da chamada "tarefa de ordenação" (medidas económicas promovidas pelo Governo da ilha) e da inflação.

Além disso, aumenta a perceção do sistema político e do Governo como um problema.

A maioria da população considera "má" a qualidade da sua alimentação e da sua família (54%). Apenas um em cada dez cubanos a considera suficiente. Na maioria das vezes, o rendimento dos produtos adquiridos com a caderneta de racionamento é de apenas 10 dias por mês, indica o estudo.

Sobre a situação do setor da saúde, o relatório destaca que mais de metade da população (56%) acha necessário fazer algum tipo de suborno para ser atendido no sistema público de saúde.

Oito em cada dez cubanos não recebem os medicamentos de que necessitam na farmácia. Por outro lado, 57% conseguem obtê-los graças à ajuda de igrejas (8%), familiares no estrangeiro (17%) ou por outros meios (mercado negro ou solidariedade interpessoal).

Segundo o documento, 44% das casas do país precisa de reabilitação ou reparação e 12% corre o risco de desabar.

Outro aspeto que se destaca no relatório é a visão de que o Governo e o sistema político estão entre os principais problemas do país. Os jovens entre os 18 e os 30 anos consideram o sistema político (42%) como o principal problema do país.

O estudo foi realizado a nível nacional, nas regiões oeste, centro e leste, entre 11 de julho e 10 de agosto deste ano. A margem de erro é de cerca de 2,8%, com um nível de confiança de 95%, explica a organização no relatório.

"[Cuba vive] há mais de seis décadas com um modelo político, económico e social que não funciona. A maioria da população vive sobrecarregada pela falta de alimentos, remédios e pela deterioração de todos os serviços públicos. Este desastre está na base dos protestos que ocorreram nas últimas semanas em vários locais da ilha, nos quais as reivindicações são por liberdade", argumenta a OCDH.

Na terça-feira, a organização não-governamental (ONG) Justicia 11J indicou que o número de manifestantes detidos por participação nos protestos de finais de setembro em Cuba, após a passagem do furacão Ian, tinha aumentado para 52.

Leia Também: ONU doará mais 7,8 milhões de dólares a Cuba para recuperar do furacão

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