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Belgrado critica condenação de político sérvio por "propagação do ódio"

O Governo sérvio insurgiu-se hoje contra a decisão de um tribunal do Kosovo que condenou um responsável sérvio local a um ano de prisão, uma sentença definida como vergonhosa e baseada em supostas mentiras dos "separatistas albaneses" e da NATO.

Belgrado critica condenação de político sérvio por "propagação do ódio"
Notícias ao Minuto

19:33 - 19/10/22 por Lusa

Mundo Sérvia

Ivan Todosijevic, um político da "Lista sérvia", o principal partido sérvio do Kosovo e atual presidente da câmara de Zvecan, um dos quatro municípios com maioria de população sérvia, foi julgado por declarações proferidas em 2019 na qualidade de ministro da administração autónoma local, e sentenciado por "propagação do ódio e da intolerância".

Nessas declarações, negou a morte de 45 civis albaneses em Racak pelas forças militares sérvias em janeiro de 1999, depois confirmada por observadores internacionais, e que serviu de argumento para desencadear a intervenção militar da NATO contra a Sérvia.

Todosijevic assegurou que se tratou de uma encenação de "terroristas shiptar", uma designação depreciativa para os albaneses.

O responsável sérvio kosovar foi condenado em 2021 a dois anos de prisão por estas declarações, mas a pena foi hoje reduzida para um ano após o Supremo Tribunal ter ordenado a repetição do julgamento.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, Nikola Selakovic, definiu esta sentença como uma condenação "a todo o povo sérvio" e qualificou os acontecimentos em Racak como uma "enorme mentira".

"Ivan Todosijevic, um homem digno e honrado sérvio, foi condenado por um delito verbal, pela sua valentia em questionar uma versão da história que os separatistas albaneses, apoiados pelos seus patrocinadores estrangeiros, tentam impor pela força", sublinhou Selakovic em comunicado.

O chefe da diplomacia de Belgrado assegurou ainda que "o povo sérvio está consciente de que os acontecimentos de Racak foram uma simples mentira e um motivo congeminado para a agressão ilegal da NATO contra a Sérvia".

A atual liderança do Kosovo -- uma ex-província da Sérvia com cerca de 1,9 milhões de habitantes com larga maioria albanesa e religião muçulmana -- tem promovido negociações com Belgrado para a normalização das relações, mediadas pela União Europeia, mas sem resultados palpáveis até ao momento.

Os cerca de 120.000 sérvios ortodoxos do Kosovo -- os números divergem consoante a origem, admitindo-se que possam chegar aos 200.000, com cerca de um terço no norte do território -- não reconhecem a autoridade de Pristina e permanecem identificados com Belgrado, de quem dependem financeiramente.

Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, autoproclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os EUA, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Leia Também: Oposição sérvia bósnia apresenta queixa judicial por fraude eleitoral

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