O Presidente brasileiro e a primeira-dama regressaram, na sexta-feira, ao nordeste do país numa tentativa de reduzir uma diferença de mais de 12 milhões de votos que tiverem em relação a Luiz Inácio Lula da Silva na primeira volta das presidenciais, a 02 de outubro, nos nove estados que compõem o Nordeste brasileiro.
A agenda de Michelle para o nordeste é mais preenchida que a do marido, devendo organizar eventos das "Mulheres com Bolsonaro" nas capitas regionais de Teresina, São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Maceió, acompanhada pela senadora eleita e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves.
"Estamos percorrendo o Nordeste para dizer que o Brasil é do senhor, que essa nação é próspera", afirmou, no sábado, Michelle Bolsonaro, num 'sermão' para cerca de mil mulheres pernambucanas, no ginásio do Colégio Agnes.
"Queridas, nós temos a oportunidade de mudar os rumos do Brasil. Vamos orar, interceder por quem está precisando, por quem troca o voto por um prato de comida. Que vocês possam multiplicar esses votos, conversem com seus parentes", prosseguiu Michelle, uma fervorosa evangélica.
Depois da religião, seguiu-se o incitamento ao medo comunista: "infelizmente, a América Latina já está vermelha, mas o nosso país é verde e amarelo".
Numa batalha "do bem contra o mal" contra o "partido das trevas", Michelle garantiu ter feito um pacto com Deus para ajudar as pessoas que mais precisam.
"Eles são pessoas más, que não são patriotas, estão com raiva, com sangue nos olhos e querem voltar ao poder para se vingarem", assustou, mais uma vez a mulher do Presidente brasileiro, acrescentando ainda que milhões de mulheres tiveram de fugir de países comunistas porque não tinham o que comer.
Por fim, ainda provocou Lula da Silva com a transposição do rio São Francisco, uma obra iniciada pelo antigo chefe de Estado brasileiro e concluída por Jair Bolsonaro. O objetivo da obra é levar água a cerca de 12 milhões de pessoas em quatro estados do nordeste.
"Aquele que não trouxe água para o Nordeste vai trazer picanha?", questionou Michelle, numa provocação a Lula da Silva.
Antes do discurso de Michelle, entrou em ação a senadora eleita e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, lançando medo às mulheres presentes, sobre drogas, ateísmo e corrupção que podem chegar com o regresso de Lula.
"Eu sou pastora há mais de 25 anos e sei quantas mães ouvi todos esses anos pedindo socorro porque seus filhos estão nas drogas", afirmou, questionando: "Querem um país governado pelas drogas e pela corrupção, ou querem uma nação?".
"Nunca foi tão fácil escolher. Vocês preferem a vida ou a morte? A segurança pública ou o crime organizado?", disse, justificando que a morte vai acontecer com "um ateu corrupto a governar este país".
Em Pernambuco, Lula obteve 3.558.322 de votos (65,27%) e Jair Bolsonaro 1.630.938 votos (29,91%) e no total de todos os nove estados no Nordeste brasileiro, o antigo chefe de Estado brasileiro garantiu 66,7% dos votos contra 27% do atual Presidente do país.
Bolsonaro regressou, na sexta-feira, ao Nordeste para participar em ações de campanha no fim de semana em Teresina, capital do estado do Piauí, onde, em 02 de outubro, obteve o pior resultado (19,9% dos votos), e em Fortaleza, capital do Ceará.
Na quinta-feira, já tinha estado no Recife, precisamente um dia antes de Lula da Silva, que não perdeu a oportunidade de o provocar. "Esteve aqui a fazer atividade e não apareceu ninguém", disse Lula, para regalo dos milhares de apoiantes ainda com energia depois da longa caminhada.
Em mais uma provocação, Lula pediu aos apoiantes para levantarem as mãos para uma fotografia endereçada ao Palácio da Alvorada, a casa do Presidente brasileiro.
"Levantem as mãos para a gente mandar uma foto para o Bolsonaro, para ele saber como é que se junta gente", disse.
Luiz Inácio Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar numa segunda volta marcada para 30 de outubro.
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