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Em plena guerra, Bohdan, de 13 anos, ficou órfão, tendo o futuro suspenso

O pai do menino estava, já no início da guerra, a morrer de cancro no estômago. A mãe de Bohdan terá morrido dois anos antes, também de cancro. A criança vê-se, agora, sozinha.

Em plena guerra, Bohdan, de 13 anos, ficou órfão, tendo o futuro suspenso
Notícias ao Minuto

12:00 - 14/10/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Ucrânia/Rússia

Na cidade de Izium, de volta às mãos da Ucrânia em destroços, um edifício alberga aqueles que estão no final da sua vida. Bohdan, de 13 anos, viu o pai, de 70 anos, sucumbir a um cancro no estômago, entre os corredores gelados. Desde o dia 3 de outubro que a criança é órfã, deambulando junto dos idosos e dos feridos.

Até morrer, as preocupações de Mykola Svyryd centraram-se no filho.

“Ele corre até mim e diz, ‘papá, eu amo-te’. E eu digo-lhe, ‘quem mais poderias amar?’”, questionou, dias antes de morrer, em entrevista à agência Associated Press.

“A sua mãe morreu, o seu pai é velho… Quando o pai morrer, não sei se haverá quem cuide dele, ou para onde o enviarão”, complementou.

A instituição foi inaugurada em janeiro, destinando-se à reabilitação de cirurgias e de ferimentos. Com o início da guerra e os bombardeamentos que atingiram a cidade, aqueles que não tiveram como fugir procuraram abrigo em caves, sobrevivendo sem eletricidade, gás, ou água potável. Contudo, em setembro, a contraofensiva de Kyiv mudou o rumo do conflito, expulsando as forças russas de diversas cidades do país – entre elas Izium.

Ainda assim, as 39 pessoas abrigadas no centro de reabilitação não têm para onde ir. Se uns veem as suas habitações destruídas, outros estão doentes e empobrecidos, além de quem ficou, como Bohdan, sem qualquer parente.

Foi desta forma que o menino e o pai se encontraram naquele edifício, uma vez que Svyryd estava, já no início da guerra, a morrer. A mãe de Bohdan terá morrido dois anos antes, também de cancro.

A criança terá nascido com uma lesão cerebral, pelo que nunca frequentou a escola. O pai ensinou-o a ler, e a escrever números e letras. Deverá, contudo, ser alvo de uma cirurgia em breve.

“Estivemos numa cave durante três meses. Quando saímos, a minha saúde piorou. E as minhas pernas deixaram de funcionar”, revelou Svyryd que, à data da entrevista com a agência de notícias, estava acamado e emancipado.

Desde a morte do pai, Bohdan pode ser visto sentado no quarto que partilhavam frequentemente, em contemplação. Os funcionários esperam que um novo ambiente possa apaziguar a sua dor, já que o menino se juntará ao mar de crianças para adoção na Ucrânia.

Recorde-se que a ofensiva militar russa na Ucrânia, lançada a 24 de fevereiro, causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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