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Libaneses invadiram quatro bancos para reclamarem o seu próprio dinheiro

Depositantes libaneses, incluindo um polícia reformado, invadiram esta terça-feira pelo menos quatro bancos do país na bancarrota, para retirarem as suas poupanças, depois das instituições bancárias terem encerrado durante uma semana e, entretanto, reaberto parcialmente.

Libaneses invadiram quatro bancos para reclamarem o seu próprio dinheiro
Notícias ao Minuto

22:58 - 04/10/22 por Lusa

Mundo Líbano

À medida que a crise económica paralisante da pequena nação do Mediterrâneo continua a piorar, um número crescente de depositantes libaneses optou por invadir bancos e retirar à força as suas poupanças.

Os bancos libaneses, sem dinheiro, impuseram limites informais aos levantamentos em dinheiro, noticia a agência Associated Press (AP).

As entradas forçadas nos bancos refletem o crescente descontentamento público contra os bancos e as autoridades que lutam para reformar a economia corrupta e mal gerida do país.

Três quartos da população mergulhou na pobreza e numa crise económica que o Banco Mundial descreve como uma das piores em mais de um século.

Enquanto isso, a libra libanesa perdeu 90% do seu valor em relação ao dólar, tornando difícil para milhões em todo o país lidar com os aumentos de preços.

Ali al-Sahli, um polícia reformado que serviu nas Forças de Segurança Interna do Líbano, invadiu uma agência do BLC Bank, na cidade oriental de Chtaura, exigindo 24.000 dólares em poupanças retidas para transferir para o seu filho, que deve o aluguer da casa e propinas da universidade na Ucrânia.

"Contem o dinheiro, antes que um de vocês morra", atirou Al-Sahli, segundo um vídeo que gravou com uma mão, enquanto acenava com uma arma na outra.

De acordo com o Depositors' Outcry, um grupo de protesto, Al-Sahli contou que se ofereceu para vender o seu rim para financiar as despesas do filho, depois do banco o ter impedido durante meses de transferir o dinheiro.

Al-Sahli não conseguiu recuperar o seu dinheiro e as forças de segurança efetuaram a sua detenção.

Na cidade de Tyre, no sul do país, Ali Hodroj invadiu uma agência do Byblos Bank, exigindo cerca de 40.000 dólares das suas poupanças retidas para pagar empréstimos pendentes.

Também munido com uma arma, Ali Hodroj disparou um tiro de advertência, enquanto as forças de segurança cercavam a área e conseguiu recuperar cerca de 9.000 dólares em libras libanesas, após negociações, que tiveram a mediação do chefe de um grupo de defesa dos depositantes.

Hassan Moghnieh, chefe da Associação de Depositantes no Líbano, explicou à AP que a família de Hodroj recuperou o dinheiro antes deste ter sido entregue à polícia no lado de fora da agência bancária.

Já em Hazmieh, perto da capital libanesa, o ex-embaixador libanês na Turquia, Georges Siam, entrou numa agência do Banco Intercontinental do Líbano, exigindo algumas das suas economias bloqueadas.

Os trabalhadores da filial encerraram as portas, enquanto Siam negociava com a administração.

Já em Trípoli, no norte, trabalhadores da Qadisha Electricity Co. invadiram uma agência local do First National Bank, em protesto contra os bancos que deduziam taxas dos seus salários em atraso.

O Exército Libanês foi destacado para o local em Trípoli e patrulhou a área.

A sociedade civil em geral tem elogiado os depositantes furiosos, alguns vistos até como heróis, como no caso de Sally Hafez, que invadiu uma agência bancária de Beirute com uma pistola falsa e uma lata de gasolina, para levar cerca de 13.000 dólares para financiar o tratamento para o cancro da sua irmã de 23 anos.

Os bancos, no entanto, condenaram estes assaltos e pediram ao governo libanês que forneça forças de segurança.

A Associação de Bancos no Líbano realçou esta terça-feira em comunicado que o governo é o principal responsável pela crise financeira, e que os bancos têm sido alvos injustos, apelando a reformas rápidas e a um acordo com o Fundo Monetário Internacional para um programa de resgate.

A crise económica desencadeada no Líbano no final de 2019 é já uma das piores do mundo em mais de um século e meio, segundo estimativas do Banco Mundial.

O Líbano sofre com a alta taxa de inflação e a grave escassez de produtos e serviços básicos como combustíveis, eletricidade, água ou medicamentos.

Leia Também: Bancos libaneses reabrem portas na 2.ª-feira só para serviços específicos

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