"É melhor que o Joe Biden pense um pouco sobre o histórico de direitos humanos do seu país antes de fazer gestos humanitários, embora a hipocrisia não precise de pensar", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, na rede social Instagram.
Kanani afirmou que "todos viram o verdadeiro rosto dos direitos humanos dos norte-americanos na Palestina, Afeganistão, Iraque, Iémen, Líbia, Síria e até, nomeadamente, nos Estados Unidos".
O porta-voz lembrou que o Irão vive sob sanções dos Estados Unidos, algo que considera "um exemplo claro de crimes contra a humanidade".
Biden ameaçou na segunda-feira impor "custos mais altos" a quem cometa violência contra "manifestantes pacíficos" no Irão.
"Continuo seriamente preocupado com relatos a indicar que a repressão violenta contra manifestantes pacíficos no Irão, incluindo estudantes e mulheres que exigem direitos iguais e dignidade humana básica, se está a intensificar", disse Biden num comunicado.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos sancionaram a polícia da moralidade iraniana, pela morte da jovem iraniana-curda Mahsa Amini, e sete altos funcionários de segurança pela repressão às manifestações no país.
Essas manifestações foram desencadeadas pela morte, em 16 de novembro, de Mahsa Amini, após ter sido detida três dias antes pela polícia da moralidade por não usar corretamente o véu islâmico, que é obrigatório no país.
Nos últimos dias, as manifestações estão concentradas nas universidades, além de ocorrerem gestos de desobediência nas ruas, como mulheres a retirar o véu.
A polícia reprimiu os protestos com o uso de cassetetes, gás lacrimogéneo, canhões de água e, segundo as Nações Unidas, também com munição real.
As redes móveis estão a ser cortadas à tarde e à noite para controlar os protestos, enquanto a internet fixa continua muito lenta.
A televisão estatal iraniana disse há mais de uma semana que 41 pessoas morreram durante os protestos, mas a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo, estimou o número em 92 mortos.
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