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Brasil. Jornais dos países do Mercosul destacam "um país dividido"

Os portais de notícias dos países que fazem parte do Mercosul (Mercado Comum do Sul) olharam para o resultado das eleições brasileiras como um exemplo de divisão, sobretudo nas publicações da Argentina, Uruguai e Bolívia.

Brasil. Jornais dos países do Mercosul destacam "um país dividido"
Notícias ao Minuto

11:20 - 03/10/22 por Lusa

Mundo Brasil

O portal do jornal argentino El Clarín noticia a vantagem do candidato Lula da Silva (esquerda) mas sublinha que a margem em relação ao atual Prsidente, Jair Bolsonaro (extrema-direita), é "curta" levando o analista Marcelo Cantelmi a escrever que se tratou de uma primeira volta "com dois vencedores".

O Clarín noticia ainda que o chefe de Estado argentino Alberto Fernandéz (Partido Justicialista, esquerda) felicitou Lula pelo resultado da primeira volta, apesar da curta margem em relação a Bolsonaro.

O mesmo artigo refere que a vice-presidente Cristina Kirchner esperava uma "diferença mais ampla" nos resultados dos dois principais candidatos das eleições de domingo.

O La Nación, uma outra publicação argentina titula a "frustração" dos apoiantes de Lula "que esperavam festa" e destaca as declarações de Jair Bolsonaro, que após a divulgação dos resultados no domingo à noite disse que a "mudança pode vir a ser pior".

"Vejam o que aconteceu na Argentina, na Colômbia e na Venezuela", disse o atual Presidente do Brasil, somando também "à lista" o Chile e a Nicarágua.

"Todos os países que migraram para a esquerda ficaram pior. Preocupa-me a liberdade do povo", titula o La Nación, citando Bolsonaro e destacando na primeira notícia do portal que "o bolsonarismo" foi o grande vencedor das eleições para "a Câmara Baixa do Congresso".   

No Paraguai, país fundador do Mercosul, apenas dois dos onze portais de notícias chamam à primeira parte da página as eleições presidenciais brasileiras referindo que vai realizar-se a segunda volta no final do mês.

Para o jornal El Pais do Uruguai, Jair Bolsonaro "surpreendeu" obrigando Lula a disputar a segunda volta das eleições.

"Lula ou Bolsonaro: O Uruguai vai receber o impacto do novo governo do Brasil" titula o portal do El País, em Montevideu, cidade onde está instalada a sede do Mercosul. 

Antes de se conhecer o resultado da primeira volta o Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou (centro-direita) disse que o país vai manter "boas relações" seja qual for o resultado final.

O chefe de Estado acrescentou que a região deve empenhar-se "num Mercosul integrado e aberto ao mundo".

"Esta é a posição do Uruguai seja quem governe cada um dos países do bloco" económico, afirmou o chefe de Estado do Uruguai, citado no portal El País do Uruguai, referindo-se às eleições brasileiras. 

A maior parte dos portais de notícias de Santiago do Chile publicam o noticiário difundido pelas agências de notícias internacionais sobre o Brasil, destacando-se apenas o El Mercurio que publica as informações sobre as eleições na primeira parte da edição digital.

O portal boliviano de notícias La Razón destaca na primeira parte da publicação que Bolsonaro obteve um resultado que provoca "surpresa" conseguindo "pisar os calcanhares de Lula" e passar à segunda volta no próximo dia 30 de outubro. 

A mesma publicação refere que as principais empresas de sondagens tinham previsto uma "ampla vantagem" de Lula mas que Bolsonaro resistiu e conseguiu um resultado que apenas os apoiantes do ex-militar acreditavam. 

"Lula, que tinha reservado a emblemática avenida Paulista para celebrar a vitória vai ter agora que lutar por todos os votos", escreve o La Razón da Bolívia, país associado do Mercosul.

Para o mesmo jornal boliviano, Lula não conseguiu afastar "dos olhos de uma boa parte da sociedade brasileira, a mancha da corrupção", referindo-se ao escândalo "Lava Jato", sobre a rede de subornos em torno da petrolífera estatal Petrobras. 

Duas fotografias no topo do portal dão conta das últimas declarações dos dois candidatos: a imagem de Lula com a legenda "a luta continua até à vitória final" e por baixo, Bolsonaro com a declaração "vencemos a mentira" das sondagens.?? O? El Diario, o jornal mais antigo da Bolívia ainda não atualizou informação e mantém no portal a notícia antes do encerramento das urnas referindo que o Brasil "dirime" as eleições mais polarizadas de sempre mas que Lula é o "favorito indiscutível".

No Equador, país que já iniciou o processo de integração no Mercosul, a edição digital do El Universo publica no topo do portal uma foto de apoiantes de Lula da Silva com uma legenda que indica a realização da segunda volta no final do mês.  

Sem qualquer destaque especial, o El Universal, do México noticia as felicitações do chefe de Estado, Andrés Lopés Obrador (esquerda).

"Felicidades, irmão e companheiro Lula. O povo do Brasil demonstrou uma vez mais a vocação democrática e em especial a 'inclinação' pela igualdade e a justiça", disse Obrador, citado pelo El Universal do México, país com o estatuto de observador do Mercosul desde 2006.

Na Nova Zelândia, país com estatuto de observador do Mercosul, desde 2010, a primeira volta das eleições presidenciais no Brasil não é noticiada com destaque.

O Granma, portal oficial do Partido Comunista de Cuba publica um curto texto na edição de hoje indica que o resultado de Lula da Silva pode significar o "renascer da esperança" para os 150 milhões de habitantes do "gigante sul-americano". 

O portal de notícias norte-americano Politico indica os resultados alcançados pelos dois candidatos sem qualquer destaque especial.

No Reino Unido, as notícias do Brasil são o tema principal do portal do Guardian com um artigo de Archie Blend que refere que os "progressistas de todo o mundo esperavam" o afastamento de Jair Bolsonaro.

"Tal não aconteceu", escreve o articulista. 

Em Espanha, a edição digital do El País concede grande destaque à atualidade brasileira com fotografias e gráficos e dois artigos de opinião: um de Xosé Hermida com o título "Um país partido" e outro de Manuel Canelas.

"A mera agregação de vitórias eleitorais da esquerda (na América do Sul) não significa uma mudança de um ciclo político. Lula tem de começar a admitir que Bolsonaro não é só um pesadelo", escreve Manuel Canelas no El País.

O jornal espanhol publica ainda a tabela dos resultados eleitorais por regiões e municípios.

Leia Também: PS saúda Lula e espera que os brasileiros rejeitem derivas autoritárias

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