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Acusação aponta no TPI papel de Kabuga no massacre de tutsis no Ruanda

Félicien Kabuga, o alegado financiador do genocídio ruandês de 1994, teve um "papel substancial" no massacre étnico da minoria Tutsi, afirmou hoje a acusação durante a abertura do seu julgamento em Haia.

Acusação aponta no TPI papel de Kabuga no massacre de tutsis no Ruanda
Notícias ao Minuto

11:15 - 29/09/22 por Lusa

Mundo Ruanda

"Vinte e oito anos após os acontecimentos, este julgamento visa responsabilizar Félicien Kabuga pelo seu papel substancial e intencional no genocídio", disse o procurador Rashid S. Rashid a um tribunal das Nações Unidas.

O ex-empresário de 87 anos, que apareceu com ar frágil e numa cadeira de rodas durante uma audiência em agosto, não esteve hoje presente perante os magistrados.

Félicien Kabuga, um dos últimos suspeitos principais do massacre que dilacerou o país africano, era um dos homens mais ricos do Ruanda em 1994. Está a ser julgado por ter utilizado a sua riqueza e redes para levar a cabo o genocídio que deixou mais de 800.000 mortos, de acordo com a ONU, principalmente entre a minoria Tutsi.

Em 1994, Kabuga foi presidente da Rádio Télévision Libre des Mille Collines (RTLM), que emitiu apelos para o assassínio de tutsis.

Preso em 2020 perto de Paris, após 25 anos em fuga, é acusado de ter participado na criação da milícia hutu interahamwe, a ala armada do regime genocida hutu.

"Para apoiar o genocídio, Kabuga não precisou de brandir uma arma ou uma catana num bloqueio de estrada. Em vez disso, entregou armas em massa e facilitou o treino que preparou a Interahamwe para as utilizar", disse Rashid.

"Ele não precisou de pegar num microfone para pedir o extermínio de tutsis na rádio, mas sim fundou, financiou e serviu como presidente da estação de rádio RTLM que difundia propaganda genocida em todo o Ruanda", acrescentou.

O seu julgamento começou às 10:00 de hoje (09:00 em Lisboa) perante o mecanismo internacional a desempenhar as funções residuais dos tribunais penais, que é responsável pela conclusão dos trabalhos do Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR).

O julgamento arrancou com as declarações de abertura, que serão seguidas, a partir de 05 de outubro, pela apresentação de provas.

Félicien Kabuga é acusado de genocídio, incitação direta e pública à prática de genocídio e crimes contra a humanidade, incluindo perseguição e extermínio.

Kabuga declarou-se inocente na sua primeira audiência em tribunal em 2020. Os seus advogados tentaram livrá-lo de um julgamento por causa da sua saúde, mas os magistrados decidiram que a sua saúde não era incompatível com o julgamento.

Mais de um quarto de século após o genocídio que chocou o mundo, o julgamento de Félicien Kabuga é ansiosamente aguardado no Ruanda, particularmente na sua aldeia natal de Nyange, a noroeste de Kigali.

Filho de pais agricultores, começou como um pequeno comerciante itinerante antes de se tornar um homem de negócios rico, dono de numerosas plantações de chá.

"Estamos ansiosos por este julgamento, que já vem de há muito tempo", disse Anastase Kamizinkunze, um executivo da principal associação de sobreviventes do genocídio do Ruanda, Ibuka.

A acusação apresentará mais de 50 testemunhas no julgamento de Félicien Kabuga, um dos últimos suspeitos chave no genocídio ruandês a ser levado a julgamento, após 62 condenações já proferidas pelo TPIR.

Leia Também: Ruanda. Julgamento do alegado financiador do genocídio inicia em setembro

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