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Moscovo procura recrutar russos em fuga da guerra junto às fronteiras

As longas filas de russos que procuram escapar à mobilização militar continuavam esta quarta-feira a 'entupir' as estradas para fora do país, enquanto Moscovo terá estabelecido gabinetes de recrutamento nas fronteiras, para intercetar alguns destes.

Moscovo procura recrutar russos em fuga da guerra junto às fronteiras
Notícias ao Minuto

23:49 - 28/09/22 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

A Ossétia do Norte, região russa que faz fronteira com a Geórgia, decretou estado de "alerta máximo" e anunciou que comida, água, equipamentos de aquecimento e outras ajudas devem ser trazidas para aqueles que passam dias em filas.

No outro lado da fronteira, na Geórgia, voluntários também estão a mobilizar água, cobertores e outros tipos de assistência.

Aquela região russa restringiu a entrada de muitos carros de passageiros no seu território e montou um gabinete de recrutamento na fronteira de Verkhy Lars, referiram agências de notícias russas.

De acordo com o Ministério do Interior da Geórgia, cerca de 10.000 cidadãos russos estão a atravessar diariamente a fronteira.

Alguns meios de comunicação divulgaram fotos junto à fronteira, onde era visível uma carrinha preta com as palavras: gabinete de alistamento militar.

Outro gabinete deste género foi estabelecido no lado russo junto à fronteira com a Finlândia, segundo a agência de notícias russa independente Meduza.

O anúncio de Moscovo da mobilização de 300 mil reservistas, feito na semana passada, está a desencadear o êxodo de um grande número de homens russos em idade militar que se recusam a lutar na Ucrânia, alvo de uma ofensiva militar russa desde fevereiro passado.

Embora o Presidente russo, Vladimir Putin, tenha anunciado em 21 de setembro uma mobilização "parcial", muitos russos temem que seja muito mais amplo e arbitrário.

Na Rússia surgem inúmeros relatos de homens sem formação militar e de todas as idades a receberem avisos para serem mobilizados.

Aleksandr Kamisentsev, que deixou a sua casa em Saratov e fugiu para a Geórgia, descreveu a situação no lado russo da fronteira como "muito assustadora".

"É tudo muito assustador, lágrimas, gritos, um grande número de pessoas. Há um sentimento de que o governo não sabe como organizá-lo. Parece que eles querem fechar a fronteira, mas ao mesmo tempo têm medo de que os protestos aconteçam e deixam as pessoas saírem", contou o russo à agência Associated Press (AP).

Manifestantes munidos de bandeiras georgianas e ucranianas e cartazes como "Russia Kills" [Rússia Mata, em português] saudaram os russos na fronteira esta quarta-feira.

Os russos têm atravessado a fronteira de carro, mota, bicicleta ou a pé.

Também há longas filas na fronteira com o Cazaquistão, que recebeu mais de 98 mil russos desde a semana passada.

A Rússia tem fronteiras terrestres com 14 países.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Moscovo abre inquérito a ato de terrorismo após alegada sabotagem

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