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Três jovens poetas detidos por recitarem poemas antiguerra em Moscovo

Artiom Kamardin, Egor Shtovba e Nikolai Daineko ficarão em prisão preventiva por um período de dois meses por serem suspeitos de “incitamento ao ódio com ameaça de violência”. Kamardin terá sido violado por agentes da polícia.

Três jovens poetas detidos por recitarem poemas antiguerra em Moscovo

Três jovens poetas russos foram, esta quarta-feira, condenados a pena de prisão por um tribunal de Moscovo por terem lido poemas antiguerra numa manifestação contra a mobilização parcial ordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para combater na Ucrânia.

Segundo a OVD-Info, uma organização não governamental (ONG) de direitos humanos russa, Artiom Kamardin, Egor Shtovba e Nikolai Daineko ficarão em prisão preventiva por um período de dois meses por serem suspeitos de “incitamento ao ódio com ameaça de violência”. Se forem considerados culpados, podem enfrentar uma pena de até seis anos de prisão.

O caso remonta ao domingo passado, quando os três jovens participaram numa recitação de poemas em frente à estátua do poeta Vladimir Mayakovsky, no centro de Moscovo - o mesmo local onde se reuniam os intelectuais dissidentes durante o período soviético.

“Lembram-se do que chamavam aos terroristas de Donetsk e Lugansk há oito anos? Os milicianos”, referiu Artiom Kamardin na sua intervenção, referindo-se às regiões separatistas pró-russas. Depois recitou um dos seus poemas intitulado: “Mata-me, miliciano”. “Glória a Kyivan Rus; Nova Rússia, vai-te lixar”, finalizou.

O poeta foi detido no dia seguinte durante uma busca domiciliária e terá sido violado e agredido por agentes da polícia. Segundo o Novaya Gazeta, vários polícias moscovitas agrediram e violaram o ativista com um bastão e depois obrigaram-no a gravar um vídeo de desculpa, em que aparece com cortes e golpes no corpo, depois de se ter declarado contra a anexação do leste da Ucrânia pela Federação Russa.

Na terça-feira, a Amnistia Internacional condenou os “horríveis” detalhes da tortura. “Os detalhes da detenção e da tortura de Artem Kamardin são horríveis, inclusive face aos padrões abismais dos Direitos Humanos na Federação Russa atual”, afirmou, em comunicado, a diretora da Amnistia Internacional para a Federação Russa, Natália Zviagina.

“Parece que os agentes da polícia russos acreditam que têm uma impunidade total para todo o tipo de violações dos direitos humanos contra pessoas que se opõem à guerra da Rússia na Ucrânia”, acrescentou, pedindo às autoridades russas que iniciem uma investigação "independente, imparcial e efetiva aos relatos de tortura e outros maus-tratos" contra o poeta.

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