O número de migrantes mortos numa embarcação perto da costa da Síria aumentou para 94, segundo os dados mais recentes do ministério dos Transportes do Líbano, país a partir do qual os migrantes partiram.
Segundo o ministro libanês, Ali Hamieh, citado pelo The Guardian, seguiriam a bordo da embarcação entre 120 e 150 pessoas. O barco partiu da região de Minyeh, antes de naufragar a cerca de 48 quilómetros mais a norte, ao largo da cidade portuária síria de Tartus, na quinta-feira.
A agência estatal síria deu conta de pelo menos 14 pessoas resgatadas, entregues aos cuidados de saúde do país, sendo que seis já receberam alta e duas permanecem em cuidados intensivos.
Ainda há muitas pessoas por contabilizar, estimando-se que estas estejam desaparecidas no Mediterrâneo.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a maioria dos cidadãos a bordo eram de nacionalidade libanesa, síria e palestiniana. Entre os mortos estarão dez crianças.
O comissário Filippo Grandi descreveu o naufrágio como uma "tragédia desoladora".
Os dados da ONU diferem de uma organização não-governamental sueca, a Aegean Boat Report, que cobre os naufrágios e viagens de refugiados pelo Mar Egeu (o corpo de água situado entre a Grécia e a Turquia). A ONG dá conta de 45 crianças mortas no desastre.
Ver esta publicação no Instagram
"Isto devia ser manchete em todo o mundo. Quantas crianças precisam de se afogar a caminho da Europa antes de agirmos? Se estas 45 crianças fossem europeias e se afogassem no Canal da Mancha, teria sido destacado por todo o mundo, mas estas crianças parecem ser menos valiosas", comentou a associação.
Entretanto, o exército libanês anunciou que foi detido um cidadão que "admitiu organizar a recente operação de tráfico [humano] do Líbano para Itália através do mar".
Milhares de libaneses, sírios e palestinianos deixaram o Líbano, de barco, nos últimos meses, em busca de melhores oportunidades na Europa - o país é, aliás, uma das principais rotas de migração a partir do Médio Oriente, desde o início da guerra na Síria em 2011.
O Líbano tem uma população de seis milhões de habitantes, incluindo um milhão de refugiados sírios, e enfrenta um grave colapso económico desde finais de 2019, que lançou mais de três quartos da população para a pobreza.
No sábado, as famílias daqueles que já receberam os corpos dos familiares perdidos no mar organizaram o segundo dia de funerais. Em Tripoli, na capital do país, mais familiares juntaram-se num campo de refugiados para palestinianos, para protestar contra o tratamento de refugiados e a discriminação das autoridades europeias contra migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo, em busca de uma vida melhor.
Leia Também: Migrações: Sobe para 53 o número de mortos em naufrágio na costa da Síria