Apesar dos planos de Putin, AIEA continuará trabalho em Zaporíjia
Grossi, que se reuniu esta quarta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, revelou que a situação no terreno está a piorar, devido aos bombardeamentos constantes.
© Getty
Mundo Ucrânia/Rússia
O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, assegurou, esta quarta-feira, que o organismo continuará a trabalhar para criar uma zona segura à volta da central nuclear de Zaporíjia [Zaporizhzhia], apesar das ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, quanto à realização de um referendo na região.
"Mesmo nas piores condições, a diplomacia nunca deve parar. Não podemos baixar os braços e ouvir o que está a ser dito, ir embora, e esperar que algo aconteça para resolver a situação", justificou Rafael Grossi, à margem da 77.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que decorre em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
"É da nossa responsabilidade fazê-lo, através de propostas pragmáticas, e realistas", complementou, citado pela agência Reuters.
Grossi, que se reuniu esta quarta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, revelou que a situação no terreno está a piorar, devido aos bombardeamentos constantes, dos quais Moscovo e Kyiv se acusam mutuamente. Contudo, já terá iniciado as conversações para o estabelecimento de uma zona de segurança, ainda que uma zona desmilitarizada seja o seu objetivo primordial.
"A situação ainda está a deteriorar-se e não podemos nos dar ao luxo de esperar por algo catastrófico aconteça", disse Grossi, depois de ter participado numa reunião sobre a situação.
"Enquanto os bombardeamentos continuarem, os riscos são enormes", acrescentou, realçando que “não é uma negociação de um tratado que poderá ser concluída em semanas ou meses, tem de ser decidida assim que possível”.
Ao seu lado, a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, especificou que o objetivo era "uma desmilitarização da central nuclear no âmbito da soberania da Ucrânia".
Ao relatar novos bombardeamentos, a operadora pública de centrais nucleares ucranianas, Energoatom, pediu hoje à AIEA "ações mais eficazes" contra Moscovo.
Quanto à presença da AIEA na central nuclear, Grossi indicou pretender expandir a sua vigilância, mas salientou que, enquanto agência internacional, tem um poder, que vai além da execução de medidas. “Dizemos a verdade e reportamo-la, e isso tem um valor enorme”, rematou.
Recorde-se que os territórios separatistas pró-russos da região de Donbass, na Ucrânia, vão realizar referendos para decidirem o seu futuro no que toca à anexação pela Rússia, de 23 a 27 de setembro.
A invasão russa - justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 210.º dia, 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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