Presidente do Montenegro exige eleições legislativas antecipadas
O Presidente montenegrino, Milo Djukanovic, exigiu hoje a realização de eleições legislativas antecipadas, agravando as tensões políticas que assolam há cerca de dois anos o pequeno país dos Balcãs.
© Reuters
Mundo Montenegro
Montenegro está em crise desde as eleições de 2020, quando o Partido dos Democratas Socialistas (PDS), liderado por Djukanovic, perdeu as eleições após três décadas no poder.
Em agosto, o Governo minoritário pró-ocidental de Dritan Abazovic foi vítima de uma moção de censura, poucos meses após a queda de um primeiro executivo integrado por uma improvável coligação de partidos e grupos centristas pró-russos e pró-sérvios.
Estes últimos concordaram segunda-feira em convidar Miodrag Lekic, antigo chefe da diplomacia montenegrino, para formar um terceiro Governo, intenção já rejeitada por Djukanovic, que pediu, de imediato, ao Parlamento para encurtar o mandato dos deputados, que oficialmente é de quatro anos.
"É a melhor solução, pois abre a possibilidade de organizar eleições antecipadas o mais rápido possível. Dado o contexto regional e global, os desafios políticos e de segurança e os problemas económicos e financeiros enfrentados por Montenegro, o país precisa de um governo competente, responsável e eficiente", afirmou Djukanovic.
Mas esta proposta tem de ser aprovada pela maioria dos deputados, ou seja, tem de obter o apoio de pelo menos 41 dos 81 deputados no Parlamento montenegrino, não sendo certo de Djukanovic consiga obter o número de votos necessário.
O pequeno país, de 620.000 habitantes, dependente em grande parte do turismo, está a ser prejudicado pelas sucessivas tensões políticas e religiosas enquanto a economia sofre, como muitos países do mundo, com uma alta da inflação desde o fim dos confinamentos e com a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Neste país muito dependente do turismo, a inflação é de 15%, enquanto a dívida representa 80% do Produto Interno Bruto (PIB).
O executivo de Dritan Abazovic foi derrubado por causa de um controverso acordo assinado com a Igreja Ortodoxa Sérvia (SPC), a religião maioritária em Montenegro.
O texto prevê, em particular, a regulamentação da propriedade das centenas de mosteiros e igrejas da Igreja ortodoxa sérvia em Montenegro.
Djukanovic e parte da população denunciaram que o acordo não protege os interesses de Montenegro, que se tornou independente da Sérvia em 2006.
O presidente, "arquiteto" da independência de um país que entrou na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e que é candidato à União Europeia (UE), está há várias semanas a ser pressionado interna e externamente para realizar legislativas antecipadas.
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