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ONU preocupada com violência contra protestos no Irão por morte de jovem

A ONU admitiu hoje estar preocupada com a violência da repressão das autoridades iranianas às manifestações de protesto pela morte de Mahsa Amini, uma jovem que estava sob custódia da polícia dos costumes do Irão.

ONU preocupada com violência contra protestos no Irão por morte de jovem
Notícias ao Minuto

11:33 - 20/09/22 por Lusa

Mundo Masha Amini

"A alta-comissária interina das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, manifestou hoje preocupação pela morte de Mahsa Amini -- detida pela 'polícia de costumes' do Irão, que impõe regras restritas sobre o uso do 'hijab' (o véu islâmico) - e com a reação violenta das forças de segurança às manifestações que se seguiram", sublinhou o Alto Comissariado em comunicado.

"A trágica morte de Mahsa Amini e as alegações de tortura e maus-tratos devem ser investigadas com rapidez, imparcialidade e eficácia por uma autoridade independente e competente que garanta, nomeadamente, que a sua família tenha acesso à justiça e à verdade", defendeu Nasa Al-Nashif.

Masha Amini morreu na sexta-feira, enquanto estava detida, o que desencadeou manifestações por todo o Irão, com particular incidência em Teerão e em Mashhad.

Após uma manifestação inicial no sábado em Saghez, cidade natal de Masha Amini, um protesto de cerca de 500 pessoas ocorreu domingo à noite em Sanandaj, capital da província do Curdistão, no noroeste do Irão, manifestações secundadas hoje um pouco por todo o país, sobretudo em centros universitários, segundo a agência noticiosa local Fars.

Num curto vídeo divulgado pela agência noticiosa pode ver-se várias dezenas de mulheres a retirarem o véu, gritando "morte à República Islâmica".

"A polícia prendeu várias pessoas e dispersou a multidão usando 'cassetetes' e gás lacrimogéneo", noticiou ainda a Fars.

De acordo com a porta-voz do Alto Comissariado Ravina Shamdasani, "foram mortas entre duas e cinco pessoas durante as manifestações", já que a polícia "disparou munições reais" e usou gás lacrimogéneo contra os manifestantes.

Al-Nashif também referiu que as leis de uso obrigatório do véu continuam a ser uma preocupação no Irão, onde aparecer em público sem o 'hijab' é punível com prisão.

Originária da região do Curdistão (noroeste), Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida no dia 13 de setembro, quando estava em Teerão a visitar a sua família, depois de três dias em coma no hospital.

De acordo com as autoridades iranianas, a jovem morreu de causas naturais, mas, de acordo com informações transmitidas pelo Alto Comissariado, a jovem foi violentamente espancada na cabeça e lançada contra um veículo da polícia.

No Irão, é obrigatório cobrir o cabelo em público. A polícia fiscaliza ainda as mulheres que usam casacos curtos, acima do joelho, calças justas e 'jeans' com buracos (ou rotos), além de roupas coloridas, entre outras regras.

Os ativistas consideraram suspeita a morte de Masha Amini, alegando que foi torturada, e exigem esclarecimentos. 

No dia em que morreu, a televisão estatal iraniana transmitiu um vídeo de vigilância em que se pode observar uma mulher, identificada pelo órgão de comunicação social como Mahsa Amini, a desmaiar nas instalações da polícia após uma discussão com um agente policial.

Na segunda-feira, Amjad Amini, pai da vítima, disse à agência Fars que o "vídeo foi manipulado" e argumentou que a filha "foi transferida para o hospital tarde demais".

O ministro do Interior iraniano, Ahmad Vahidi, disse no sábado que Masha Amini "terá tido problemas" de saúde no passado, sublinhando ter informação de que a vítima foi alvo de uma cirurgia ao cérebro quando tinha cinco anos, declarações desmentidas pelo pai, que assegurou que a filha estava de "perfeita saúde".

Nos últimos meses, a polícia dos costumes tem sido fortemente criticada por intervenções violentas. Muitos cineastas, artistas, figuras do desporto, políticos e religiosos têm manifestado indignação nas redes sociais após a morte da jovem.

O ex-Presidente iraniano e líder da corrente reformista Mohammad Khatami pediu às autoridades que investiguem o sucedido e que levem os responsáveis à justiça.

Leia Também: Irão. Polícia acusada de matar 4 em protesto pela morte de Mahsa Amini

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